Jornalista Andrade Junior

FLOR “A MAIS BONITA”

NOS JARDINS DA CIDADE.

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CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASILIA

CATEDRAL METROPOLITANA NAS CORES VERDE E AMARELO.

NA HORA DO ALMOÇO VALE TUDO

FOTO QUE CAPTUREI DO SABIÁ QUASE PEGANDO UMA ABELHA.

PALÁCIO DO ITAMARATY

FOTO NOTURNA FEITA COM AUXILIO DE UM FILTRO ESTRELA PARA O EFEITO.

POR DO SOL JUNTO AO LAGO SUL

É SEMPRE UM SHOW O POR DO SOL ÀS MARGENS DO LAGO SUL EM BRASÍLIA.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Caridade com chapéu alheio -

EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 

Desde o grande terremoto que devastou o Haiti, em 2010, o Acre se converteu na principal porta de entrada de um significativo fluxo de imigrantes haitianos ilegais. O direito internacional e a lei brasileira não reconhecem esses clandestinos como refugiados - e, portanto, como candidatos a visto permanente. Mas o governo federal petista criou instrumentos para regularizar a presença deles no País e decidiu não repatriar aqueles que entram de forma irregular, o que serve como um convite para a imigração em massa. Já chegam a 20 mil os haitianos que ingressaram no Brasil pelo Acre. Como as cidades acrianas que os receberam não têm condições de suportar esse aumento populacional, o governo estadual encontrou uma forma simples de resolver o problema: enviar os haitianos para outros Estados.

Nas últimas semanas, 400 deles chegaram a São Paulo - sem nenhum aviso prévio por parte do governo acriano, que financiou as viagens, feitas inclusive em aviões da Força Aérea Brasileira. A maioria procurou a ajuda de parentes e amigos que já vivem na capital paulista, mas 100 deles pediram abrigo na Casa do Migrante, no Glicério. Mantido pelos padres da Igreja Nossa Senhora da Paz, o local tem capacidade para apenas 100 pessoas. A situação dos imigrantes é, portanto, precária.

Com razão, a secretária paulista de Justiça e Defesa da Cidadania, Eloisa de Souza Arruda, se mostrou indignada. Chamou de "desleal" o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, por não tê-la informado antes sobre o embarque dos haitianos. "Esse secretário Nilson Mourão não procurou seu equivalente em São Paulo, que, por acaso, sou eu, para providenciar os cuidados adequados. Procurou o padre da pastoral e avisou que 'alguns' haitianos chegariam aqui. Chegaram 400", queixou-se Eloisa. Para ela, "nos padrões internacionais, isso poderia ser classificado como deportação forçada".

Como resposta, o governo acriano, que é do PT, apontou um "viés político" na reação da administração tucana de São Paulo. Para o secretário Mourão, os paulistas tentam "transformar um problema humanitário, de tão fácil solução para o Estado mais rico da Federação, em uma crise". Já o governador Tião Viana preferiu dizer, numa argumentação rasteira, que a reclamação é fruto de racismo da "elite paulista", que quer "assegurar seu território livre de imigrantes do Haiti".

Ao contrário do que dizem os petistas, o problema não se resolveria com a caridade do "Estado mais rico" do País. A situação chegou ao ponto atual graças à inabilidade do governo federal. Em lugar de lidar com os imigrantes ilegais conforme a legislação em vigor, segundo a qual o deslocamento por desastre natural não configura motivo para a concessão de visto de refugiado, a administração petista inventou um instrumento improvisado chamado "visto humanitário".

A intenção do governo era mostrar que o Brasil, na era petista, era diferente dos países ricos, que expulsam os imigrantes ilegais. Mas o golpe de propaganda não funcionou. As exigências para obter o tal visto são tantas - passaporte em dia, atestado de bons antecedentes, comprovante de residência e o pagamento de uma taxa de US$ 200, além de um mês de espera para que a documentação seja emitida - que a maioria dos haitianos que pretendem vir ao Brasil prefere pagar aos "coiotes" no Peru e no Equador para ajudá-los a entrar clandestinamente no País.

Como a situação no Acre tornou-se insustentável graças a essa política tão marqueteira quanto desastrada, o governo petista local preferiu a solução "provisória, paliativa e descoordenada", nas palavras de Camila Asano, da ONG de direitos humanos Conectas: livrar-se dos imigrantes.

A crise gerada pela imigração em massa dos haitianos no Norte do Brasil não pode ser agravada por políticas irresponsáveis dos governos envolvidos. É preciso ter consciência dos deveres humanitários, mas também é preciso saber que as leis que limitam a entrada de estrangeiros devem ser cumpridas, pois o preço a ser pago pela leniência travestida de solidariedade é rateado por toda a sociedade.

O Zé nunca se apertou como estudante, como guerrilheiro, como clandestino, como ministro e como ex-ministro. E não se aperta como presidiário

REINALDO AZEVEDO
Que vida boa, hein José Dirceu! A partir das 15h45, quando começou a surra do Real Madrid sobre o Bayern de Munique, eu estava ocupado em fazer o blog, em pôr no ar um programa de rádio às 18h, em ler a respeito das peripécias dos políticos brasileiros, em saber, afinal de contas, que diabos a Comissão de Direitos Humanos havia encontrado na Papuda.
É estupefaciente que essa comissão tenha se deslocado até a Papuda para constatar como sofre este patriota! Até parece que há poucos problemas nos presídios brasileiros, não é mesmo? Ou que outros grupos vulneráveis não estejam sujeitos às mais duras agressões. Eis uma das razões por que as esquerdas não suportavam que a comissão fosse presidida pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP). Aquela história de “cura gay” — projeto que, de resto, nunca existiu; esta é uma das maiores mentiras contadas na política brasileira nos últimos anos — era pura cascata. Esses valorosos moralistas gostam de aparelhar entes do estado para proteger os de sua turma.
Vejam lá: o presidiário Dirceu fez o que Reinaldo Azevedo — presidiário do trabalho e do suor do próprio rosto — não pôde fazer: ver o show de bola do Real Madrid e de Cristiano Ronaldo. De resto, está caracterizado: ele tem privilégios no presídio — cujo chefe, na prática, é o governador Agnelo Queiroz, do PT — a ninguém mais concedidos.
Não me surpreende. Eis o Zé. Isso o define. Quando militante estudantil, ele não era exatamente um carregador de piano; gostava era dos grandes momentos, das apoteoses. Quando treinou guerrilha em Cuba, ganhou fama de preguiçoso; não deve ter matado ninguém com as próprias mãos porque, de fato, nunca aprendeu a atirar. Quando voltou ao Brasil como clandestino, virou marido de uma pequena empresária, levando vida boa. Chegou a Anistia, e ele se mandou. No governo Lula, sempre foi fiel à causa, mas tinha o seu próprio aparato. Cassado e sem o cargo, virou um “consultor” de empresas privadas, que operava em quartos de hotel, onde recebia autoridades da República.
O Zé, em suma, não se aperta. O socialismo, também o seu, é um sistema para assegurar privilégios.
Por Reinaldo Azevedo

PT JOGA ÉTICA NO LIXO

SENADOR PETISTA FLÁVIO ARNS, FAZ PRONUNCIAMENTO DIZ TER VERGONHA DO SEU PARTIDO O PT E RESSALTA QUE A ÉTICA FOI JOGADA NO LIXO.


Próximo ao totalitarismo -

EDITORIAL O GLOBO


O GLOBO - 

É lamentável que, nos governos do PT, o Brasil, líder da América Latina, tenha perdido a capacidade crítica em relação ao chavismo. Isto se deu pela adoção da “diplomacia companheira”, relacionamento pautado mais por afinidade ideológica do que pelas tradicionais linhas da política externa brasileira. Não que estas devam ser imutáveis, mas a mudança foi para pior.

Em nome de uma frente ideológica comum e da retomada de superados conceitos e bandeiras da esquerda, o governo brasileiro passou a considerar “democrático” o regime chavista, que mantém apenas algumas características formais desse sistema de governo, mas, no essencial, se aproxima muito mais do velho caudilhismo e do totalitarismo.

A Venezuela e discípulos — Bolívia, Equador, Nicarágua — mantêm instituições análogas aos poderes Legislativo e Judiciário. Só que esvaziadas de suas prerrogativas republicanas. Isto se deve à adoção por Hugo Chávez e seguidores, do “kit bolivariano”, um conjunto de ações capaz de criar um regime sob medida para o Poder Executivo.

Os chavistas dizem que o caráter democrático é atestado pela realização de eleições. Mas não mencionam que o primeiro item do tal kit é a adoção de um forte discurso nacional-populista, capaz de angariar votos para vencer o referendo, que é o segundo item do kit. Através dele, se aprova a instalação de uma constituinte capaz de transformar as instituições democráticas, que as tinha a Venezuela, em organismos submissos ao Executivo. Instaura-se o cesarismo.

Na Venezuela, os partidos políticos tradicionais foram banidos e virtualmente instituiu-se o partido único, tal a superioridade do governista PSUV. Garantiu-se, assim, o beneplácito da Assembleia Nacional aos projetos chavistas. E a composição do Judiciário ficou à mercê do Executivo, assegurando-lhe vantagem no exame de relevantes questões nacionais.

Este arranjo político foi feito para possibilitar a colocação em prática do projeto chavista, ineficiente e burocrático, pois calcado numa gigantesca intervenção estatal em todos os quadrantes da vida do país. Não se pode dizer que, no início, não houve avanços, sobretudo na redução da pobreza. Mas houve retrocessos demais. Basta dizer que um dos países mais ricos do mundo em petróleo está arruinado, importa quase tudo que consome, pouco produz, deixou a infraestrutura se deteriorar e sofre com o desabastecimento — a população tem enorme dificuldade para comprar alimentos e produtos básicos —, e uma criminalidade em ascensão. Caracas é hoje a segunda cidade mais violenta do mundo.

Gestões da Unasul, capitaneadas pelo Brasil, tentam hoje uma saída para a profunda divisão política do país. Mas o governo brasileiro agiu mal ao deixar que a situação chegasse a tal ponto. Ao invés de suspender o Paraguai do Mercosul para dar vez à Venezuela, deveria ter invocado a cláusula democrática do bloco para mostrar que só seriam aceitos países com sua democracia em dia. Mas democracia de fato.

Os antitudo e a eleição -

 JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO


O Estado de S.Paulo - 

Partidários de Dilma Rousseff agarram-se a uma conta aritmética para brandir otimismo sobre sua reeleição: a soma das intenções de voto dos outros candidatos é uma fração do eleitorado da presidente. Conclusão aparentemente óbvia, Dilma não teria para quem perder. Mas há sempre a chance de perder para si mesma.

Na pesquisa Ibope de abril, Dilma, mesmo em queda, marcou 37%, enquanto Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB) e os sete anões somaram apenas 25%. É a expressão do desconhecimento dos candidatos anti-Dilma, mas também da sua incapacidade até agora de despertar o eleitor. Toda a oposição junta equivale ao contingente de desesperançados da política, aos antitudo.

Um a cada quatro eleitores está declarando voto nulo ou branco. É uma taxa excepcionalmente alta para padrões brasileiros. Parece mais uma forma de o eleitor expressar sua insatisfação com o sistema político em vigor do que um plano para outubro. Na solidão da urna, todos esses brasileiros vão invalidar os votos?

Pelo retrospecto, é improvável. A média histórica de votos inválidos é ao menos metade do que aparece hoje nas pesquisas: se considerarmos todos os primeiros turnos presidenciais entre 1989 e 2010, dá 12%, mas caindo. Nos três últimos, a taxa baixou para 9%. E foi ainda menor nos segundos turnos: 6%.

Por que, então, o branco/nulo está tão alto? Porque grande quantidade de brasileiros não está nem aí para o que vai acontecer nas urnas. Responder que vai anular ou votar em branco é, também, um jeito menos vexatório de dizer "não sei".

Três de quatro eleitores que estão hoje no branco/nulo dizem ter nenhum ou pouco interesse no pleito de outubro. Já entre os eleitores de Dilma, Aécio e Eduardo a maioria declara ter muito ou médio interesse na eleição. Ou seja, quem já se decidiu é o eleitor mais politizado ou que ainda acredita na política. Os demais só vão fazer sua opção quando não tiverem outra saída.

A implicação desses números é que, mantida a tendência histórica, a maioria dos eleitores que aparecem hoje na coluna do branco e nulo vai migrar para algum dos candidatos a presidente no decorrer da campanha eleitoral. Mas para qual?

Raramente para a incumbente. Na pesquisa Ibope de abril, 75% dos eleitores que declararam que votariam em branco ou anulariam escolheram a seguinte frase para descrever sua opinião sobre Dilma: "Não votaria nela de jeito nenhum para presidente". Apenas 12% admitiram a possibilidade de votar na petista. O resto não soube responder ou não a conhece o suficiente.

Se não será majoritariamente para Dilma, para quem, então, migrarão os eleitores insatisfeitos? Aécio Neves e Eduardo Campos têm chances equivalentes entre si, mas não muito maiores do que a presidente: 63% dos antitudo não votariam de jeito nenhum no tucano, e 61% dizem o mesmo sobre o pernambucano.

O problema parece estar também na imagem dos candidatos de oposição, ambos netos e herdeiros de políticos tradicionais. Mesmo mais conhecida do que Eduardo e Aécio, Marina Silva teria, se candidata, menor rejeição entre os insatisfeitos. Só 53% dos antitudo se dizem também anti-Marina. Entre eles, ela vai melhor até do que Lula, que alcança 60% de rejeição nesse grupo.

A rejeição maior a Dilma indica que alguém da oposição teria mais chances de conquistar o voto dos insatisfeitos. Mas não só.

CEO do Ibope Inteligência, Marcia Cavallari comparou o perfil dos eleitores que declaram voto na presidente, na oposição e em ninguém. Da geografia à escolaridade, passando por renda, cor e religião do eleitor, quem diz que votaria nulo ou em branco é muito mais parecido com o eleitor oposicionista do que com quem declara voto em Dilma. É o que basta? Depende da presidente.

Se confiar apenas na aritmética e não conquistar parte dos antitudo, Dilma deve desocupar o Planalto antes do previsto.

Os donos do poder -

NELSON PAES LEME


O GLOBO -

Saqueiam o Erário de forma torpe, solerte e desavergonhada. E nenhuma força do restante da sociedade civil lhes contrapõe qualquer resistência


Raymundo Faoro, em seu antológico “Os donos do poder”, faz um diagnóstico certeiro e preciso da origem do patrimonialismo brasileiro: a Casa de Aviz portuguesa no Século XIV. Os reis de Portugal se consideravam proprietários do país e da nação. Essa cultura atravessou mares e séculos e se enraizou com toda a força no Brasil e na nossa concepção de Estado soberano. Hoje já não há a Casa de Aviz. Outros são os tempos e outros são os donos do poder. A Petrobras que o diga.

O Estado brasileiro sempre foi um paquiderme a serviço desses “donos” eventuais do poder. Inicialmente foram os próprios reis portugueses, depois os imperadores, depois os militares positivistas da República Velha. Depois o ditador Vargas em duas etapas, sendo que na última já dividiu parte do poder (inclusive a Petrobras) com um peleguismo ainda incipiente e amadorista. Nada parecido com o atual, altamente sofisticado e requintado. São pelegos muitas vezes com PhD e que andam acompanhados, em jatinhos executivos, de poderosos empreiteiros e subempreiteiros de gigantescas obras públicas. Alguns com mandato popular nas câmaras, assembleias legislativas e até no Congresso Nacional. Pelegos que tomam vinhos caríssimos de safras de colecionador, mas não arredam pé de um sindicalismo em decadência porque alinhado a um socialismo que já não existe. Um socialismo que foi atropelado pela revolução científico-tecnológica e pela deterioração da vida planetária, de todas as espécies viventes a exigir rever as prioridades no campo do social e da própria economia de mercado.

Com a ditadura militar que tomou conta do Brasil de 1964 a 1984, esses líderes sindicais de outrora se organizaram com mestres acadêmicos, também sindicalistas públicos em estado de pureza ideológica, egressos das universidades estatais, na resistência democrática, e fundaram um partido político, com o placet dos militares, especialmente do general Golbery do Couto e Silva, pretenso ideólogo do regime militar. Estratificou-se assim uma tecnoburocracia de oposição à tecnoburocracia militar no governo e que passou a dominar o aparelho partidário do Partido dos Trabalhadores, desfraldando a bandeira do vestalismo na política e do igualitarismo no social.

Esse partido, aparentemente ingênuo e idealista, forjado ainda nos ideais distributivistas da pré-Guerra Fria e do trotskismo revolucionário do princípio do século passado tinha, no entanto, um projeto histórico de poder idêntico ao dos reis de Portugal, dos imperadores, dos militares positivistas, dos ditadores e dos militares golpistas: tomar conta do aparelho do Estado e tornar-se dono da República e de sua economia altamente estatizada e burocratizada. O próprio Faoro já vaticinara: “Sobre as classes sociais que se digladiam, debaixo do jogo político, vela uma camada político-social, o conhecido e tenaz estamento burocrático nas suas expansões e nos seus longos dedos.” Esses longos dedos hoje pertencem a esses novos donos do país.

Ascenderam ao poder. Locupletaram-se nas companhias e bancos estatais, reinventando o “presidencialismo de coalizão” com o pior do fisiologismo herdado da ditadura militar. E aí estão. Não há força que os remova. Saqueiam o Erário de forma torpe, solerte e desavergonhada. E nenhuma força do restante da sociedade civil lhes contrapõe qualquer resistência. Até quando irão corroendo o tecido republicano, ninguém sabe. Seu combustível é a ignorância, a indigência cultural e a miséria humana.

As próximas eleições gerais que se avizinham serão decisivas para o futuro desses novos “donos do poder” e sua percepção atrasada e ultrapassada de Estado. Mas, seja qual for seu resultado, esta República se esgotou. É ingente um novo pacto que inaugure a próxima, em que o poder seja realmente partilhado com o soberano: o restante do povo brasileiro que a tudo assiste perplexo e desorientado. Uma imensa tarefa de reconstrução do Estado brasileiro é o que se espera, mas ainda não se percebe no discurso dos candidatos.

Etanol: até quando? -

AÉCIO NEVES


FOLHA DE SP - 

Pare para pensar: quantas vezes, nos últimos tempos, você passou num posto de combustíveis e abasteceu seu carro flex com etanol? Se você considera apenas o bolso, e é natural que seja assim, é provável que pouquíssimas vezes não tenha enchido o tanque com gasolina. Não é um contrassenso num país como o Brasil?

A mais verde e amarela das tecnologias alternativas, muito menos poluente e danosa ao ambiente e à saúde das pessoas, e uma das mais eficazes opções à queima do combustível fóssil, vive crise sem precedentes no país.

Tenho andado muito pelo interior do Brasil e visto de perto o vigor da nossa agropecuária e a dedicação dos nossos produtores. Por tudo isso, é contraditória a gravidade da crise por que passa a nossa produção de álcool. Nos últimos anos, mais de 40 usinas fecharam. Outras estão em processo de recuperação judicial ou enfrentam graves dificuldades. Milhares de pessoas já perderam o emprego.

Trata-se de situação completamente distinta da que se projetava poucos anos atrás. Até então o Brasil estava fadado a ser a maior potência mundial de energia renovável.

Caminhávamos para ser a vanguarda da sustentabilidade, exemplo em um mundo em busca de fontes não fósseis, limpas e mitigadoras do aquecimento global pela redução das emissões de CO2.

Descarrilamos, contudo.

Não foi obra do acaso. Não foi barbeiragem de produtores, nem irresponsabilidade de investidores. Não foi mera consequência da mudança de ventos na economia global.

Foi, isso sim, produto de equívocos cometidos por uma gestão que está matando o etanol brasileiro. É um estrago de grandes proporções, que se espalha por longa cadeia de produção que envolve 2,5 milhões de trabalhadores e centenas de municípios do país.

Sem perspectivas de melhora, as usinas não investem, o mercado não reage e o Brasil chega ao ponto de importar etanol dos EUA --e com desoneração tributária concedida pelo governo federal. Como pode?

Os produtores não precisam de muito, mas têm nos faltado o básico. Basta que o governo não atrapalhe, como tem feito, defina uma política de longo prazo para o setor energético e reestabeleça condições mínimas de competitividade: equilíbrio na formação de preços, tributos adequados e algum amparo na forma de linhas de crédito que realmente funcionem.

Não é algo tão complicado, mas é tudo o que o governo petista não faz.

Há uma crise de confiança instalada no país. As vítimas vão caindo pelo caminho --e são cada vez mais numerosas.

É o futuro do Brasil que está sendo sabotado. No caso do etanol, é toda uma experiência de mais de 40 anos que está sendo jogada no lixo pela vanguarda do atraso.

Por que o governo erra tanto? -

 CLAUDIO ADILSON GONÇALEZ


O ESTADO DE S. PAULO -

A má condução da política econômica brasileira não decorre de meros equívocos de gestão

São sobejamente conhecidas as causas da quase estagnação da economia brasileira nos últi­mos anos. As condições internacio­nais tornaram-se menos favoráveis, principalmente o fim do boom de pre­ços das commodities e a elevação (ain­da relativamente modesta) dos juros internacionais de médio e longo pra­zos. Mas, mais importante, é o fracas­so, hoje inconteste, da nova matriz macroeconômica, o pomposo apeli­do escolhido pelo governo para a combinação de deterioração das contas públicas,perda de autonomia do Ban­co Central, ativismo cambial, política industrial alicerçada em subsídios e aumento do protecionismo para setores escolhidos e excessiva interferên­cia governamental na economia.

Esse diagnóstico já foi explorado adnauseam por vários e competentes analistas. Meu propósito neste artigo é tentar responder a questão que está no título, qual seja, a razão de o gover­no cometer tantos equívocos na condução da política econômica.

Todo governante sabe que em de­mocracias, em última instância, os eleitores o julgarão nas urnas pelo que sentem em seus bolsos. O célebre slogan do marqueteiro do ex-presidente norte-americano Bill Clinton, Ja­mes Carville, "é a economia, estúpido!", dito há cerca de duas décadas, mantém- se mais atual do que nunca.

No Brasil, as pesquisas mostram que a queda na avaliação positiva do governo e a consequente redução nas intenções de voto em Dilma se devem principalmen­te à elevação da inflação, que acaba con­taminando a percepção do eleitor sobre outras questões tais como risco de per­der o emprego, aumento dos juros, etc.

Dessa forma, é óbvio que o governo não erra porque quer. Errar é humano, mas a má condução da política econômica brasileira não decorre de meros equí­vocos de gestão. A raiz do problema está na forte componente ideológica de membros do alto escalão governamen­tal, que os impede de entender e respei­tar os princípios básicos que regem o funcionamento de uma economia de mercado.

Na literatura há dois livros admiráveis que analisam os principais obstáculos ao crescimento econômico sustentável da maior parte das nações. O primeiro, The Elusive Questfor Growth (A Elusiva busca do crescimento),foi escrito em 2001 por Willian Easterly, economista que ocupou destacados postos no Banco Mundial.

O segundo, de 2012, Why Nations Fail? (Por que as nações fracassam?), de autoria de Daron Acemoglu e James Robinson, já é considerado um dos mais completos trabalhos escritos até o presente sobre a importância de instituições políticas in­clusivas para o crescimento econômico.

Mas quais as principais lições que po­demos extrair desses trabalhos que po­dem nos ajudar a entender as causas dos desacertos da política econômica brasileira? As ideias de Easterly podem ser resu­midas em uma única frase, usada com abundância em seu livro, qual seja, "as pessoas respondem a incentivos". O au­tor demonstra que muitos programas do Banco Mundial,baseados em perdão de dívida, ajuda externa e crédito barato, que visavam a promover a industrializa­ção de países pobres como Bangladesh e Paquistão, por exemplo, fracassaram porque as instituições sociais e políticas dessas nações não eram capazes de ge­rar incentivos corretos para o empreen­dedorismo. Aproximar-se da elite econô­mica, que também detinha o poder polí­tico, e angariar benefícios via corrupção e troca de favores era muito mais rentá­vel do que assumir riscos empresariais, mesmo dispondo de crédito altamente subsidiado para o investimento. Nesse ambiente não há espaço para a meritocracia e para a inovação.

Já o trabalho de Acemoglu e Robinson faz uma extensa e detalhada análise histórica, desde o período neolítico aos nos­sos dias, e demonstra de forma cabal que a diferença de crescimento econô­mico entre as nações não se deve, como muitos pensavam e alguns ainda pen­sam, a fatores geográficos, culturais, religiosos ou raciais. A linha divisória está na existência ou não de instituições sociais inclusivas, no sentido de que o sistema político não seja dominado por determinados segmentos da elite econômica que impedem o funcionamento da des­truição criativa, sem a qual não haverá inovação nem crescimento econômico sustentável.

Um ponto importante no trabalho de Acemoglu e Robinson é que a histó­ria demonstra que é possível nações com estruturas sociais não inclusivas, desde que dotadas de um governo cen­tral capaz de impor regras, registrarem fases de forte crescimento econômico induzido pelo Estado, como ocorreu na ex-União Soviética entre as décadas de 20 e 60 do século passado e que fasci­nou muitos analistas ocidentais em re­lação aos méritos do regime econômi­co comunista.

Mas os autores demonstram que tais crescimentos são temporários e autolimitantes, pois os detentores dos pode­res econômico e político impedem o funcionamento da destruição criativa, o verdadeiro motor do crescimento. Do Oriente Médio na Revolução Neolítica, passando pelo Império Romano e pela

União Soviética, a história está reple­ta de exemplos da ascensão, da estag­nação e do desmantelamento de eco­nomias baseadas nesse tipo de insti­tuição social excludente.

Portanto, compreender os princípios básicos que norteiam o funciona­mento das economias de mercado não é tarefa simples, tampouco intui­tiva. E é isso que falta aos principais responsáveis pela condução da política econômica brasileira, mais do que boa vontade de acertar. Sobretudo, há uma evidente dificuldade em cap­tar, em toda sua profundidade, a ideia aparentemente simples, mas va­liosa, de que as pessoas respondem a incentivos.

E esse desconhecimento que faz o governo acreditar que pode baixar na marra juros e tarifas de serviços públi­cos, aceitar alto risco de apagão por falta de energia, controlar preços, alte­rar constantemente as regras do jogo na economia,beneficiar setores esco­lhidos em detrimento de outros e não perceber que isso corrói os incentivos para investir e assumir riscos empre­sariais, a despeito da generosa oferta de crédito subsidiado. 

Uma elite perdida



As formaturas de arromba do ensino médio são um retrato dos pais que não dizem “não” aos filhos
RUTH DE AQUINO
Como reagem os pais quando o filho adolescente conclui o ensino médio e exige uma festa de arromba que custa R$ 3.567 por cabeça? A megafesta dura sete horas, começa às 23 horas e, além de bebida alcoólica a rodo e uma UTI móvel, conta com shows que podem variar de Valesca Popozuda e Mr. Catra a outros tão edificantes quanto.

Será assim a confraternização de 246 alunos que se formarão no ensino médio do tradicional Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro. O que fazem os pais? Eles pagam e aprovam.
A elite brasileira perdeu o rumo? Serão esses pais os mesmos que se escandalizam com o Congresso, os políticos, os mensaleiros e a Petrobras? Essas “festas de gala” são promovidas pela empresa Forma Ideal Obah, que domina no Rio o mercado de formaturas do ensino médio.
Ela se gaba de “reinventar” a colação não só do Santo Inácio, mas de colégios como Santo Agostinho, São Bento, São Vicente de Paulo, Cruzeiro, Pedro II, Corcovado, Ceat, Escola Parque, Escola Naval e PH. Uma conta básica sugere que a empresa receberá dos alunos do Santo Inácio quase R$ 900 mil para organizar “a concretização de um sonho”, como dizem no site.

O contrato tem 20 páginas. Não assinar significa manter o filho à parte da Festa (com maiúscula) e de churrascos, promovidos pela Forma Ideal Obah como ensaios para a apoteose de dezembro. Os alunos ajudam a cobrir os custos, vendendo, em nome da empresa, 1.500 convites extras a R$ 300 cada. Organiza-se um mutirão para ajudar a Forma Ideal Obah a arrecadar mais R$ 450 mil. Sensacional.

Houve divergências no Santo Inácio. Uma minoria lúcida de pais foi contra a festa, por achar tudo absurdo. Mais que o preço, o formato, o objetivo. Que mensagem de desperdício a festança transmite a esses adolescentes, num Brasil em que só 54% dos jovens de 15 a 17 anos estão no ensino médio, segundo pesquisa do IBGE do ano passado? Pouco mais da metade! Mais um dado alarmante: 59% de nossos jovens entre 18 e 20 anos não tinham concluído o ensino médio em 2013, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Quem conclui o ensino médio em nosso país, portanto, já faz parte de uma elite. É sobretudo nessa fase que se formam cidadãos conscientes. Ou não. Pergunto aos pais dos alunos do Santo Inácio: o que poderia ser feito com R$ 3.567? Eles aprovam por quê? Não sabem dizer “não” ou acham lindo?

Tentei falar com a direção do colégio, não fui atendida. A assessoria de comunicação afirma que a participação dos pais na comissão de formatura foi um pedido do Colégio Santo Inácio às famílias dos formandos, devido à polêmica causada por algumas atrações dos shows de 2012, consideradas “inadequadas e irreverentes demais para adolescentes”. O Santo Inácio diz não ter vínculo nenhum com a empresa ou a festa.

Além dos funkeiros brasileiros, já vieram ao Rio para formaturas DJs como o português Pete Tha Zouk (CSI), o espanhol Sak Noel e o americano Sex Panther. Uma das maiores vantagens, dizem os adolescentes, é “bebida liberada... porque não existe formatura sem bebida”. Esse detalhe já rendeu casos de coma alcoólico, segundo relatos de pais.

Tive acesso ao contrato assinado pelos pais dos formandos do Santo Inácio, a maioria menores de idade. A festa providencia dois médicos, três enfermeiros e cinco técnicos de enfermagem, UTI móvel completa “para remoções de quadro grave” e equipe de primeiros socorros visando “a preservação da vida”.

No item “bebidas” do contrato: Open Bar, com cerveja Antarctica Original, Bud¬weiser ou Heineken, Bacardi Big Apple, Tequila, Jaggermeister e Santa Dose, espumante Ponto Nero, Vodka Ciroc, drinques, caipivodcas de frutas diversas e energético Red Bull. A Forma Ideal Obah promete “reposição de todas as bebidas até o fim da festa”. O bufê café da manhã é servido a partir das 5 horas da manhã. A decoração custa R$ 150 mil. Os familiares pagam convites extras e só podem ficar nos camarotes no 2º e 3º andares.

As imagens só podem ser feitas por fotógrafos oficiais da empresa I Hate Flash. Cada foto custará R$ 22 aos formandos. Os vídeos serão editados pela After Movie. Há ainda uma área VIP, com “os seguintes itens adicionais”: Vodka Belvedere, cerveja Stella Artois, bufê japonês. Me senti bêbada só de ler o contrato até o fim.

Senhores pais – que um dia comemoraram o fim de seu ensino médio com uma cerimônia emocionante e inocente, um sundae com calda de chocolate, um beijo de parabéns de pai e mãe e talvez uma viagem para os mais abastados – , todo esse sonho vendido pela Forma Ideal Obah é uma roubada. Retrato de um país desigual, sem valores e sem educação. Delírio de uma elite perdida.

Uma nova chance para não errar!



Gen Bda Paulo Chagas
Caros Amigos
Infelizmente Dilma está no poder! Parabéns aos que nela votaram e que por seu intermédio se locupletaram e ajudaram a quebrar o Brasil!
Chamei sua vitória nas últimas eleições de “Vitória de Pirro”, obtida a alto preço e que trouxe consigo prejuízos que estão custando e que ainda custarão muito caro a todos nós!
Naquela eleição, 45% dos brasileiros, massificados, enganados, comprados, contaminados, coniventes ou comprometidos, elegeram o programa do corruPTo para conduzir os destinos do Brasil. 21% lavaram as mãos, omitiram-se ou desistiram do Brasil. 34% apostaram no outro projeto ou, como eu, empenharam-se para que o pior fosse evitado.
Eu estava certo quando disse que perdemos todos!

Nós, os derrotados nas urnas, combatemos o bom combate, chegamos ao final da corrida e não perdemos a fé. Perdemos aquela batalha, mas não a guerra, porque a Democracia, como entendemos que deve ser, ainda está de pé e o povo desta terra, livre e alegre por natureza, não sabe viver sem a LIBERDADE que um dia abriu suas asas sobre nós!
O programa de governo escrito, assinado, não lido, mas divulgado e enaltecido, ameaçadora e arrogantemente por José Dirceu, o mafioso de muitas caras e nenhum caráter, temporariamente detido na Papuda, contemplava como fundamento e alicerce a morte da liberdade e pressupunha a inesgotabilidade dos recursos do que e de quem produz e paga impostos!
Muitos dos que deram seu voto, inocentemente, às conveniências da circunstância, acreditando no efêmero agrado da demagogia ou inebriados por vantagens voláteis, agora conseguem enxergar a falsidade, a hipocrisia e a truculência escondidas por trás do sorriso enigmático da nossa “Prima Donna”!
Foi, de fato, uma conquista da Democracia inventada pelos constituintes de 1988, manipulada pelo instrumento criado para torna-la vulnerável: a liberdade de ser contra tudo, inclusive contra ela própria!
Esta estratégia destrutiva, vitoriosa na decadente Venezuela e em outras não menos decadentes repúblicas latino americanas, foi traçada no agora conhecido Foro de São Paulo, cujo poder satânico não podemos mais ignorar. Estamos a sentir na carne, mais cedo do que pensavam os mais pessimistas, as consequências daquela imprudência eleitoral.
Tudo que aí está é contra a natureza do povo, que já está abrindo os olhos para a realidade e que reagirá, democraticamente e em paz, ordeira e legalmente, espero, em defesa de seus valores, hoje deturpados e ameaçados pelos estrategistas do mal, lobos em pele de carneiro, hipócritas travestidos de democratas!
Que Deus proteja a todos nós! Rogo-Lhe para que ilumine o gentil povo dessa terra e a mente dos incautos que, há quase quatro anos, colocaram nosso destino nas mãos incompetentes, totalitárias e liberticidas de Dilma Rousseff.
Que Ele nos perdoe se errarmos de novo!
Gen Bda Paulo Chagas

MUITO ESTRANHO !!!!!!!!!!!!!!



APROVADO NA CÂMARA PROJETO QUE AUTORIZA EXECUTIVO A DECIDIR SEM OUVIR O CONGRESSO SOBRE TRÂNSITO E PERMANÊNCIA DE FORÇAS ESTRANGEIRAS NO BRASIL

O misterioso projeto de lei segue agora para votação no Senado
A Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei do Executivo ( muito estranho !!!!).
Recentemente, o governo da Dilma repassou mais de R$ 1 bilhão de dólares para financiar o porto de Mariel, em Cuba
. Nem se sabe exatamente quanto de dinheiro do Brasil está sendo encaminhando para as ditaduras comunistas na América Latina e África. Essa gigantesca movimentação financeira que drena recursos do erário não passou pelo crivo do Congresso Nacional.
É por isso mesmo que uma pesquisa aberta aos internautas no próprio site da Câmara sobre o assunto mostra que  mais de 80%  dos que votaram são contra  o projeto que dá poderes imperiais para o Executivo que poderá decidir, por exemplo, sobre o estacionamento de forças militares cubanas em território brasileiro, sem quem ninguém fique sabendo.
O incrível  projeto foi aprovado por 270 votos a 1. Espera-se agora que a Oposição no Senado analise detidamente o projeto. Caso contrário, qualquer hora dessas a Dilma se transforme na versão brasileira de Fidel Castro, ou na melhor das hipóteses, num tiranete como Nicolás Maduro.
Vejam o que informa o site da Câmara dos Deputados:
O Plenário aprovou, por 270 votos a 1, o Projeto de Lei Complementar 276/02 , do Executivo, que permite ao presidente da República delegar ao ministro da Defesa a concessão de permissão para o trânsito e a permanência temporária de forças estrangeiras no Brasil sem autorização do Congresso Nacional, nos casos previstos.
Aprovado na forma de uma emenda substitutiva apresentada pelo deputado Lincoln Portela (PR-MG), a matéria deverá ser votada ainda pelo Senado.
O QUE PREVÊ
O Projeto de Lei Complementar 276/02, do Executivo, autoriza o presidente da República a delegar ao ministro da Defesa e aos chefes das Forças Armadas a permissão para forças estrangeiras transitarem pelo território nacional ou permanecer temporariamente.
Essa permissão vale para os quatro casos em que o presidente da República tem competência privativa para permitir que forças estrangeiras transitem ou permaneçam no território nacional, independentemente de autorização do Congresso Nacional. Esses casos, previstos na Lei Complementar 90/97, são os seguintes:
- execução de programas de treinamento e missão de transporte de pessoal ou carga coordenada por instituição pública brasileira;
- visitas oficiais ou não, programadas por órgãos do governo;
- atendimento técnico, para abastecimento, reparo ou manutenção de navios ou aeronaves estrangeiras; e
- missão de busca e salvamento.
Fora desses casos, o Congresso Nacional deve sempre ser ouvido para a autorização.
Descentralização
O objetivo do projeto é desburocratizar o andamento dessas autorizações, ao delegar poder ao ministro da Defesa. Essa prática já ocorre em diversos países.
Segundo mensagem enviada pelo Executivo, é frequente a demanda de sobrevoo e pouso de aviões militares de países vizinhos. No início da década passada, época em que o projeto foi apresentado, a média era de 800 pedidos por ano de sobrevoo. Além disso, mais de 50 navios de forças armadas estrangeiras ingressavam anualmente em águas brasileiras.
Tramitação
A proposta foi aprovada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, em 2002; e pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, em 2003, na forma de substitutivo. Desde então, o texto aguardava votação em Plenário.

TORTURA



Por Armando Luiz Malan de Paiva Chaves

A mídia politicamente engajada – ou comprada -  não descansa no afã de dar voz aos derrotados e acusar os militares de torturadores.

 A acusação é coletiva, abrangente e indiscriminada. Abjeta, generaliza para a totalidade dos integrantes desse numeroso segmento da população. Envolve ativa, reserva e reformados. Computa os que ainda não vestiam farda ou serviam em unidades sem qualquer ingerência no enfrentamento da subversão terrorista.  Ao buscar aviltar a instituição, ignora que, em muitos anos corridos, conserva os maiores índices de aprovação da opinião pública.

Por sua coesão, pela uniformidade de atitudes, pelo regime de trabalho e de vida a que se submetem voluntariamente, pela farda que vestem, os militares não são avaliados como indivíduos e sim como integrantes de sua coletividade, para elogios ou condenações, aqueles eventuais, essas contumazes.
A condenação coletiva é um erro, uma injustiça.

O exame aprofundado do Estatuto dos Militares revela um Código de Honra. Sua base institucional é a hierarquia – ordenação da autoridade, e a disciplina – rigorosa observância e integral acatamento das leis e regulamentos, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever. Dentre os preceitos da Ética Militar, estão os de respeitar a dignidade da pessoa humana e proceder de maneira ilibada na vida pública e particular. Os Deveres Militares compreendem, a mais de outros, a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias e a obrigação de tratar o subordinado dignamente e com urbanidade. A tortura, como apregoada pelos que foram presos por envolvimento na subversão, não tem lugar nesse Código de Honra.

Um pai que pressiona o filho para dizer a verdade exerce uma ação psicológica. Um interrogador que exerce o dever de obter a confissão de um preso não pode sentar-se à sua frente e esperar que confesse. Vale-se de recursos psicológicos para induzi-lo a tal. A variedade desses meios corre por conta do interrogador, mas lhe é vedado desrespeitar a dignidade do interrogado, submetendo-o a sevícias e castigos corporais. Os militares respeitaram a dignidade dos suspeitos. Ainda que tenham ocorrido exceções, foram investigadas quando chegaram ao conhecimento das autoridades e, sempre que comprovadas, receberam as devidas punições.

As milionárias indenizações pagas com o dinheiro do povo aos subversivos que roubaram, mataram inocentes, assassinaram representantes da lei e “justiçaram” companheiros, sequestraram embaixadores o os maltrataram em cárcere privado, tiveram sempre como argumento convincente a tortura aplicada por militares.  Mentiram, como até hoje mentem, valendo-se da técnica gramsciana e dos mandamentos de Lenin, na tentativa de esconder a fragorosa derrota e implantar o socialismo marxista por que lutaram e ainda lutam.

A grande família petista

O Estado de S.Paulo

Nem é preciso fazer escavações profundas. Arranhe-se apenas a superfície do sistema petista de poder e, certo como a noite que se segue ao dia, se encontrará um escândalo, uma maracutaia, uma armação, uma negociata, um vexame, um ato mal explicado ou inexplicável à luz da ética pública. E não se diga que é intriga da oposição em ano eleitoral.
Para ficar apenas na safra da semana, ora é uma auditoria da Petrobrás que afirma que em 5 de fevereiro de 2010 alguém foi autorizado verbalmente a sacar US$ 10 milhões de uma conta da Refinaria de Pasadena, na qual a empresa ainda tinha como sócia a Astra Oil. A revelação foi publicada pelo Globo. Quem autorizou, quem sacou, o porquê do saque e o que foi feito com a bolada, isso a Petrobrás não conta. Diz, burocraticamente, que o procedimento seria "uma atividade usual de trading" e nele "não foram constatadas quaisquer irregularidades".
Ora, para variar, são as sucessivas apurações da Polícia Federal (PF) sobre a amplitude da rede de conveniência recíproca em que se situam as ligações do deputado André Vargas, do PT paranaense, com o doleiro Alberto Youssef. O cambista foi preso no curso da Operação Lava Jato, que expôs um esquema de branqueamento de dinheiro, por ele comandado, da ordem de R$ 10 bilhões. O monitoramento, com autorização judicial, das comunicações do já agora réu Youssef trouxe à tona uma história de tráfico de influência que reduz a mera nota de rodapé o pedido de Vargas ao parceiro para que lhe arranjasse um jatinho para levá-lo numa viagem de férias ao Nordeste - descoberto, o favor custou ao favorecido o cargo de vice-presidente da Câmara, ao qual teve de renunciar.
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http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-grande-familia-petista,1158804,0.htm

‘A casa não pode cair’

Publicado na edição impressa de VEJA
J. R. GUZZO
Todo brasileiro de olhos abertos para o que está acontecendo no país em geral, e na sua própria vida em particular, sabe muito bem que a coisa está preta. Há mil e uma razões para isso, como se pode verificar todos os dias pelo noticiário; seria pretensioso, além de inútil, tentar fazer uma lista de todas. Basta dizer, para encurtar o assunto, que, segundo as últimas pesquisas de opinião, mais de 70% da população acha que assim não vai, e quer mudanças na ação do governo como um todo. Será que os brasileiros, finalmente, se convenceram de que estão sendo dirigidos por um dos governos mais incompetentes que já tiveram de aguentar – ou, possivelmente, o mais incompetente de todos?
Mais interessante ainda: a propaganda descomunal que o poder público soca todos os dias em cima da população e o uso sistemático da mentira talvez já não estejam dando os resultados que costumam dar. A presidente Dilma Rousseff, por exemplo, ameaça combater a corrupção na Petrobras, mas diz que os “inimigos da empresa” são os que sugeriram mudar seu nome para “Petrobrax”, cerca de quinze anos atrás, com a intenção secreta de liquidá-la – e, ao mesmo tempo, faz tudo para impedir que se investigue a roubalheira pública de hoje. Quanta gente acredita num desvario desses? Tudo bem. O Brasil está em petição de miséria, e o presente já é um caso perdido. A pergunta, agora, é a seguinte: as coisas vão mudar para melhor depois da eleição presidencial de outubro ou vão ficar piores ainda?

Vão ficar piores, com certeza, se o Brasil não sair da armadilha que o governo, o PT e o ex-presidente Lula montaram: eles têm de ganhar todas, pois não podem mais admitir a alternância de poder. Se admitirem, a casa cai, e a casa não pode cair – pois os que mandam no país não conseguem mais viver fora do governo. Manter-se no poder todo mundo quer, nas melhores democracias do mundo. O problema atual do Brasil é que o PT não apenas quer continuar: precisa continuar, pois, se sair, o mundo de privilégio que construiu para si próprio nos últimos onze anos vai direto para o espaço. É essa ansiedade, e nada mais, que acaba de trazer Lula para dentro da campanha eleitoral – se Dilma continuar caindo nas pesquisas, é pouco provável que ele próprio e seu partido digam “que pena”, e fiquem só olhando o desastre acontecer na sua frente.
Aí, para não perderem a situação de proprietários privados do Brasil que conseguiram obter de 2003 para cá, tudo passa a valer: a presidente pode ser desembarcada sem maior cerimônia do seu posto de candidata à reeleição, e Lula entraria na disputa para salvar a pele de todos. Como explicar essa deposição de Dilma para o público? Inventa-se uma história qualquer – esse tipo de coisa jamais foi problema para Lula, um artista em escapar das situações mais sinistras sem explicar nada. A companheirada, por sua vez, dirá que lamenta – mas que a volta de Lula é essencial para salvar o “projeto do PT”, caso ele esteja ameaçado de “destruição” pela “direita”, pela “grande mídia”, pelos que “não se conformam” com a vitória da classe operária etc. Se a oposição ganhar, dizem, será a “volta da ditadura” – e não é possível permitir tal crime.
“Projeto do PT”? Que diabo seria isso? Nada mais simples: o projeto do PT é não ter projeto nenhum. Em vez de trabalhar para construir um Brasil mais justo, confortável e promissor para os brasileiros, todo o esforço do partido se concentra em não largar o osso do governo. Não se trata de desejo: é necessidade. O que muda, se saírem, não é nada que tenha a ver com ideias, princípios ou valores; o que muda, no duro, é a sua vida material. Vão-se embora os 20 000 altos empregos que têm no governo federal. Vão-se embora as oportunidades ilimitadas de negócios com o poder público. Vão-se embora as Pasadenas, os mensalões, a compra de certas empresas de videogames por empreiteiras de obras, na base dos 10 milhões de reais. Ficam as fortunas criadas nos porões da Petrobras. Ficam as rosemarys, os youssefs e milhares de outros como eles. Ficam o caviar de Roseana Sarney, os jatinhos, os planos médicos milionários. Ficam as diárias de hotel a 8 000 euros. Fica um STF obediente. Mais que tudo, fica garantida a impunidade.
O PT, como observou há pouco o ex-deputado Fernando Gabeira, é um partido que se baseia totalmente na obediência; não valem nada, ali, mérito, talento ou competição sadia. A única maneira de subir na vida é obedecendo a Lula – e para isso é indispensável que Lula, ou algum dos seus postes, esteja no governo.

terça-feira, 29 de abril de 2014

A escravidão da mulher

Escrito por Carlos Ramalhete 

A maior vítima do mundo moderno – fruto das revoluções Industrial e Francesa – foi indubitavelmente a mulher. A nova sociedade burguesa, separando o local de trabalho do de moradia, não apenas forçou as mulheres a uma dupla jornada, como as tornou duplamente prisioneiras. A casa, não mais um local de produção como nas eras agrárias anteriores, tornou-se uma gaiola onde se condena as mulheres a passar a vida espanando, varrendo e cuidando de um espaço ínfimo e fechado. Ao mesmo tempo, as que foram forçadas ao trabalho externo – predominantemente nas classes baixas – passaram a ter de abandonar os filhos e o lar para ajudar o marido a levar pão para casa.
Esta situação insustentável durou da virada do século 19 a meados do século passado, gerando o feminismo, solução errada para um problema real. Mulheres de classe média, desinteressadas por homens ao ponto de adotar como lema “a mulher precisa de um homem tanto quanto um peixe de uma bicicleta”, as primeiras líderes feministas esforçaram-se não por reconstruir um espaço para o feminino no mundo, mas por masculinizar a mulher.
Sua tacanha visão burguesa, limitada ao exíguo lar de classe média, fê-las ver com inveja a dupla escravidão da mulher de classe baixa e instar suas seguidoras a lançar-se ao famigerado “mercado de trabalho”, adotando, elas também, a dupla jornada.
Conseguiram. Hoje não apenas se espera que a mulher pobre seja forçada a um emprego tão pouco recompensador quanto operar o caixa de um supermercado, como se faz o mesmo com a mulher de classe média. Desde cedo ela é incentivada a procurar uma profissão rentável, a tornar-se uma profissional independente.
Ora, é tão trágico que a mulher seja independente como que o homem o seja. Um depende do outro. A interdependência do matrimônio, já ferida pela sociedade burguesa ao arrancar o homem do lar para ir ganhar o seu pão longe dele, sofreu um golpe ainda mais feroz. E este golpe é ainda mais doloroso, por ir contra as lealdades naturais da mulher. Um homem suporta, a contragosto, separar-se da família por todo o dia. Para uma mulher, abandonar seus filhos é negar sua razão de ser.
Urge aproveitar as oportunidades geradas pela sociedade pós-industrial para recriar a forma natural de produção, em que cada lar é uma sociedade não apenas de vida, como de produção e comércio. Maridos e mulheres, trabalhando juntos e educando os filhos na sua profissão, formam uma microssociedade muito mais feliz e realmente independente que qualquer delírio feminista.


Publicado no jornal Gazeta do Povo.

Carlos Ramalhete é professor

Resenha: "Mentiram (e muito) para mim", de Flávio Quintela

Escrito por Luciano Ayan


"Para uma pessoa que não possua fatos e argumentos que possam, de forma lógica, justificar sua ideologia – caso de todos os esquerdistas – a ofensa injustificada é a única saída."

Sempre apontei um erro em muitos autores (e demais formadores de opiniões) da direita quando estes apontavam inconsistências no discurso da esquerda e reagiam com condescendência e as vezes até uma injustificada compaixão para com o oponente. Enquanto os esquerdistas ficavam criando mentiras para que seus líderes aumentassem ou mantivessem seu poder, a direita reagia dizendo coisas como “ah, eles não tem jeito” ou “mais uma vez eles se enganam”.
Não, não é assim que se reage a fraudadores contumazes. A assertividade deveria ser uma das principais característica de quem é de direita. No mundo corporativo, não se passa a mão na cabeça de fraudadores. Por que no mundo dialético a coisa deve ser diferente?
“Mentiram (e muito) para mim” é o primeiro livro de Flávio Quintela, do blog Maldade Destilada, E logo de cara o autor já mostra que é daqueles que há tempos superaram o comportamento conivente com a mais desonesta das doutrinas criadas pelo homem, o socialismo.
O livro traz 20 capítulos (em apenas 166 páginas, o que significa que tratamos de algo rápido e direto), dos quais 19 são focados no desmascaramento de mentiras que a esquerda tradicionalmente nos conta, ou mesmo na exposição de situações criadas para enganar não só os direitistas como também os neutros.
Por exemplo, a mentira dizendo que “não existe mais direita ou esquerda” é desmascarada no capítulo 5. Logo no seguinte, vemos o desmascaramento de outra mentira feita para confundir a audiência: “O PSDB é um partido de direita”. Em seguida, o próximo capítulo desmascara a mentira dizendo que a direita é inerentemente promotora das maiores maldades humanas. Mentira, aliás, muito propagada com base em outra mentira (“O nazismo é de direita”), demolida no capítulo 8.
Diz Quintela:
[...] para uma pessoa que não possua fatos e argumentos que possam, de forma lógica, justificar sua ideologia – caso de todos os esquerdistas – a ofensa injustificada é a única saída, e não há maior nível de ofensa injustificada do que atribuir a alguém inocente a cumplicidade na morte de mais de vinte milhões de pessoas e a associação ao regime mais repudiado da história do mundo. Isso é o que, na gíria, se chama de “apelar”.
Daí, com uma sóbria demonstração dos fatos, ele fornece argumentos para mostrar que todo aquele professorzinho esquerdista afirmando que Hitler “é de direita” não passa de um mentiroso que só merece um tipo de reação: a refutação assertiva. E com o dedo apontado na cara, de preferência.
A esquerda toma como um valor fundamental a mentira como um meio de chegar aos seus objetivos. A direita, por outro lado, preza a honestidade, a sinceridade e a busca pela verdade, como frisa Quintela logo no começo de sua obra.
Mas, politicamente, de nada adianta prezar pela verdade e a integridade moral se não tivermos a capacidade de exprimir nosso ponto de vista de maneira assertiva, assim como comunicarmos para nossos público a diferença entre quem entra em campo para dizer a verdade e quem toma a mentira como um método.
Sem essa dureza dialética, o que nos resta é assistir a contínuas vitórias esquerdistas, não por que eles possuem qualquer forma de conteúdo, mas por usarem uma quantidade tão grande de mentiras que nós desistiremos de contra-argumentar, pelo tanto de desmentidos que precisaremos fazer.
O único antídoto a isso é a refutação contínua das fraudes que eles divulgam. Mas essa refutação precisa ser feita nos termos mais fortes possíveis, pois também precisamos sub-comunicar para o público em geral que há um abismo ético entre a direita e esquerda, e que estes últimos possuem “argumentos” e comportamentos dignos de ânsia de vômito.
Por acertar tanto ao apresentar uma argumentação coesa e direta como ao usar a assertividade necessária para combater as fraudes intelectuais do oponente, o livro de Quintela é um dos mais recomendados no ano.
Em tempo: Para quem tem pressa, “Mentiram (e muito) para mim” pode ser adquirido também em formato Kindle, na Amazon. E também está disponível nas principais livrarias do Brasil no formato tradicional.
http://lucianoayan.com 

Dilma se encontra à socapa com Lula num hotel para debater a Petrobras.

REINALDO AZEVEDO
Este post é daquela linhagem que começa assim: “Que gente pitoresca!”.
O presidente de fato, Luiz Inácio Lula da Silva, e a presidente de direito, Dilma Rousseff, resolveram se encontrar em São Paulo para debater, a portas fechadas, a crise da Petrobras. Entendo! Ela era a presidente do conselho, a poderosa ministra da Casa Civil e Senhora Absoluta do setor energético quando a lambança foi feita. Ele era o presidente da República. A Petrobras era dirigida por José Sérgio Gabrielli, um lulista fanático. O presidente de fato está furioso com a presidente de direito: acha que ela levou a crise para dentro do Palácio ao afirmar que votou a favor da compra sem dispor de todos os dados. Do ponto de vista estritamente factual, a observação dele faz sentido. O chefão do PT está bravo com o seu poste — que ilumina cada vez menos — porque faltou a ela o devido senso de malandragem: era para agasalhar a questão, sair xingando a oposição e acusar FHC de ter tentando privatizar a Petrobras. É mentira, claro! Para Lula, no entanto, não existem nem verdade nem mentira na política: apenas o que é e o que não é útil ao PT. Trata-se de um gigante moral, como se sabe.
Dilma participou da solenidade de entrega de unidades do Minha Casa Minha Vida em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, evento para o qual levou Alexandre Padilha a tiracolo — como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. Por que trataria a Petrobras como coisa pública quem trata a própria Presidência da República como coisa privada (fica para outro post)? Segundo a agenda, estava previsto que voltaria direto para Brasília. Mas não! Fez uma parada na cidade de São Paulo para se encontrar com Lula num hotel.
É curiosa essa fixação que tem o PT por encontros em hotéis. Já repararam nisso? Existe um escritório da Presidência em São Paulo. O tema da conversa, afinal, é de interesse público. Não há nada de errado no fato de a atual presidente se reunir com o ex. Por que num hotel?
É que a verdadeira república petista é aquela que se movimenta no mundo paralelo, nas esferas não institucionais, nas sombras, nos corredores… Não é casual, já observei aqui, Lula ter criado um ministério que se chama “das Relações Institucionais”, o que só faz sentido porque se supõe que o poder também lida com as “relações não institucionais”. Façam uma pesquisa sobre os escândalos do petismo: o cenário é sempre um hotel. Quando o presidiário José Dirceu arrumou um emprego, ora vejam,! foi como gerente de um hotel, cuja história é mais enrolada do que André Vargas tentando explicar suas relações com um doleiro. Lembram-se da empresa de consultoria do mesmo Dirceu? Fazia reuniões num… hotel!
A presidente não é a “Belle de Jour”. Não tem de ficar se encontrando em hotéis, à sorrelfa e à socapa, com senhores barbudos para discutir os destinos da maior empresa pública brasileira.
Não sei quais explicações Dilma deve a seu chefe. Sei as que ela deve ao povo brasileiro: por que não fez nada quando descobriu o golpe que tinham dado na Petrobras?
Por que, presidente?
Por Reinaldo Azevedo

Joaquim rebate Lula sobre mensalão: “Merece repúdio”

Em nota à imprensa, o presidente do Supremo disse que o ex-presidente da República demonstra desconhecer o papel de um Judiciário independente em uma democracia. Petista disse que julgamento do mensalão foi “80% político”


por Congresso em Foco

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, rebateu nesta segunda-feira (28) as novas críticas feitas pelo ex-presidente Lula ao julgamento do mensalão. “A desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente repúdio”, disse o ministro, por meio de nota divulgada esta noite (28). Em entrevista exibida ontem (27) pela TV portuguesa RTP, Lula afirmou que o mensalão não existiu e que o julgamento do caso foi “80% político”, e apenas 20% jurídico. O único objetivo de destruir o PT.

Na opinião de Joaquim Barbosa, o ex-presidente demonstra desconhecimento sobre o papel do Judiciário em uma democracia. “Essa iniciativa emite um sinal de desesperança para o cidadão comum, já indignado com a corrupção e a impunidade, e acuado pela violência. Os cidadãos brasileiros clamam por justiça”, escreveu o ministro.
Segundo o presidente do Supremo, o mensalão foi julgado de forma “absolutamente transparente” e todos os acusados tiveram mais de quatro anos para se defenderem das acusações.
Ele também lamentou que o ex-presidente tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira para “questionar a lisura do trabalho realizado pelos membros da mais alta Corte do país”. “O juízo de valor emitido pelo ex-chefe de Estado não encontra qualquer respaldo na realidade e revela pura e simplesmente sua dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a um Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome”, afirmou Joaquim.

Na entrevista à TV portuguesa, Lula reafirmou que a história do caso vai ser “recontada”. “O povo é mais esperto que algumas pessoas imaginam.” Para o petista, o objetivo do processo era fazer um “massacre que visava a destruir o PT”, mas isso não aconteceu. O ex-presidente voltou a declarar que não será candidato e que vai ser “cabo eleitoral” de Dilma Rousseff nas próximas eleições. “Ela vai ganhar as eleições”, disse. Lula afirmou que denúncias de corrupção como o mensalão, irregularidades na Petrobras e outros problemas levantados não ameaçam a reeleição de Dilma.

POR INTOLERÁVEL QUE PAREÇA

Percival Puggina

Há bem poucos dias, o IPEA e o IBGE qualificaram-se para a linha de tiro da oposição. As duas instituições encarregadas de fornecer números aos analistas nacionais e às políticas dos setores público e privado foram acusadas de sujeição às conveniências eleitorais do governo e de seu partido. Quando isso ocorre em qualquer instituição permanente do Estado ou da administração pública, tem-se um verdadeiro sequestro, com severo dano ao interesse nacional. Aliás, reiteradamente, as redes sociais estampam imagens de policiais federais também manifestando contrariedade com a intrusão do partido do governo nas atividades da corporação. Embora as denúncias envolvendo a Petrobras sejam, agora, a face mais visível do fenômeno que descrevo, tais fatos se reproduzem e multiplicam na imensa estrutura dos poderes públicos. É para proporcionar isso que o Estado não pára de crescer. E de encarecer. É por isso que os partidos se multiplicam como coelhos e o tamanho do Estado avança na mesma cadência. Cada peça dessa imensa máquina, pequena ou grande, responde a algum partido em primeiríssimo lugar. O bem nacional vem depois. Ou, simplesmente não vem.

Recordo os meses que antecederam à eleição de 2010. Cumpriu-se um cronograma de notícias oficiais, boas para o governo, divulgadas nos momentos propícios, e propagadas pela mídia sem a devida análise crítica. Tudo para nos convencer de que o Brasil era uma ilha de prosperidade e que nosso PIB cresceria segundo aqueles números sempre superiores a 4%. Números que o ministro Mantega traz na cabeça, todo Ano Novo, quando acorda do revellion. E passa o ano inteiro corrigindo para baixo.

Por incrível que pareça, não entra no campo das análises políticas o motivo pelo qual se estabelece no Brasil esse assalto partidário a tudo que é público. Atribui-se ao velho patrimonialismo algo que tem causa institucional. Para bem entendermos o que acontece é preciso distinguir o que é Estado, o que é governo e o que é administração pública. Estado é um ente político de existência permanente, geograficamente delimitado, com poder soberano em relação a um povo que ali habita, zelando pelo bem comum num sentido amplo. O governo desempenha apenas uma das várias funções do Estado; cabe-lhe cumprir as leis e definir políticas, programas e ações para atender o bem comum nas circunstâncias dadas e por um período de tempo limitado. A administração, por seu turno, é o aparelho funcional através do qual tais políticas, programas e ações são executadas, atendendo de modo continuado os sucessivos governos.

Nas democracias, como se pode presumir, o Estado, por ser de todos, não deve ter partido. A administração, por servir a todos, tampouco. Assim sendo, o governo e só o governo pode ser provido pelos partidos com seus partidários. Por isso mesmo ele é escolhido numa eleição entre as legendas e tem prazo de validade limitado. Deveria saltar dos enunciados acima o absurdo em que incorre nosso modelo institucional quando, além do governo, atribui a uma única pessoa e a seu partido também Estado e o aparelho da administração pública.

É a raposa cuidando do galinheiro. É a festa do poder. É também por isso que quando a luz se acende sobre a festa de ontem, o salão está repleto de sinais da orgia. E como só ao povo, pagador da conta, interessa moralizar as instituições, nada muda para que tudo fique como está. Assim prossegue nossa democracia, por intolerável que pareça.


ZERO HORA,

AO RENEGAR AMIGOS, LULA CAUSOU MAL-ESTAR NO PT

ESTÁ NA COLUNA DO JORNALISTA CLÁUDIO HUMBERTO

O ex-presidente Lula provocou grande mal-estar no governo e no PT ao declarar, em entrevista à TV portuguesa RTP que os mensaleiros cumprindo pena no presídio da Papuda não são da sua “confiança”. Até porque não é verdade: um dos presos, José Dirceu, por exemplo, exerceu em seu governo o cargo de maior confiança de presidente da República: ministro-chefe da Casa Civil, espécie de “primeiro-ministro”.

CALOU FUNDO

Um dos mais afetados pela declaração de Lula, segundo fontes do PT, foi o ex-deputado José Genoino, velho amigo do ex-presidente.

OFENDIDOS

Outros velhos amigos, que estão presos e não entregaram o líder, como Delúbio Soares, sentiram-se ofendidos com a afirmação de Lula.

MACUNAÍMA VIVE

Ao renegar os amigos mensaleiros, Lula dá razão aos que o comparam a Macunaíma, o “herói sem caráter” da obra de Mário de Andrade.

PERGUNTA NO PT

Após negar três vezes amizade a “cumpanhêros” do mensalão, Lula vai dizer que sua íntima amiga Rose também “não era de sua confiança”?

A grande família petista

O Estado de S.Paulo
Nem é preciso fazer escavações profundas. Arranhe-se apenas a superfície do sistema petista de poder e, certo como a noite que se segue ao dia, se encontrará um escândalo, uma maracutaia, uma armação, uma negociata, um vexame, um ato mal explicado ou inexplicável à luz da ética pública. E não se diga que é intriga da oposição em ano eleitoral.
Para ficar apenas na safra da semana, ora é uma auditoria da Petrobrás que afirma que em 5 de fevereiro de 2010 alguém foi autorizado verbalmente a sacar US$ 10 milhões de uma conta da Refinaria de Pasadena, na qual a empresa ainda tinha como sócia a Astra Oil. A revelação foi publicada pelo Globo. Quem autorizou, quem sacou, o porquê do saque e o que foi feito com a bolada, isso a Petrobrás não conta. Diz, burocraticamente, que o procedimento seria "uma atividade usual de trading" e nele "não foram constatadas quaisquer irregularidades".
Ora, para variar, são as sucessivas apurações da Polícia Federal (PF) sobre a amplitude da rede de conveniência recíproca em que se situam as ligações do deputado André Vargas, do PT paranaense, com o doleiro Alberto Youssef. O cambista foi preso no curso da Operação Lava Jato, que expôs um esquema de branqueamento de dinheiro, por ele comandado, da ordem de R$ 10 bilhões. O monitoramento, com autorização judicial, das comunicações do já agora réu Youssef trouxe à tona uma história de tráfico de influência que reduz a mera nota de rodapé o pedido de Vargas ao parceiro para que lhe arranjasse um jatinho para levá-lo numa viagem de férias ao Nordeste - descoberto, o favor custou ao favorecido o cargo de vice-presidente da Câmara, ao qual teve de renunciar.
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http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-grande-familia-petista,1158804,0.htm

A hora e a vez da Petrobras -

  EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE -
É difícil encontrar adjetivo adequado para qualificar a situação a que chegou a Petrobras. Talvez kafkiano seja capaz de transmitir pálida imagem do inferno astral por que passa a petroleira brasileira. A empresa, que figurou entre as mais respeitadas do mundo, chegou a ponto de desmentir dito que circula continentes afora. Diz ele: o melhor negócio do planeta é o petróleo bem administrado. O segundo, o petróleo mal-administrado.
Durante décadas, a Petrobras figurou no primeiro grupo. Investir nas ações negociadas em bolsa era garantia não só de manutenção do capital, mas também de obtenção de lucro. Não foi outra a razão por que trabalhadores brasileiros, quando autorizados a sacar parte do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para aplicar na bolsa de valores, a escolha só poderia recair em duas empresas - a Vale e a Petrobras.
Patrimônio tão valioso - construído com o esforço do povo de norte a sul do Brasil - parecia impermeável a politicagens e a suspeitas capazes de pôr em xeque a respeitabilidade da empresa e a abalar a confiança nela depositada. O impensável, porém, aconteceu. Surgiram indícios de maus negócios, administrações duvidosas, aparelhamento da instituição, manipulação de preços da gasolina, uso político e pessoal do prestígio da estatal.

Vem, pois, em boa hora a decisão da ministra Rosa Weber de autorizar a instalação da CPI da Petrobras com foco preciso. A maior empresa brasileira merece sair das páginas policiais e voltar ao noticiário econômico. Irregularidades apontadas na compra da refinaria de Pasadena (Texas, Estados Unidos) em 2006 teriam ocasionado prejuízo superior a US$ 1 bilhão.

Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da estatal, disse ter recebido relatório falho com base no qual autorizou a transação. Recente notícia informou que auditoria interna apurou saque de US$ 10 milhões do caixa de Pasadena sem registro, com apenas pedido verbal de administradores da refinaria. São fatos graves que precisam ser apurados com rigor. Os responsáveis, uma vez comprovada a culpa, têm de responder pelos atos.

Impõe-se, porém, manter o foco para chegar a resultado positivo. Em ano eleitoral, será grande a tentação de transformar a CPI em palanque - palco ideal para digladiadores que buscam a autopromoção em detrimento da verdade por que o Brasil anseia. Não só. Além de se conservar no rumo, é essencial que os parlamentares estudem os problemas, questionem assessores, consultem especialistas para saber perguntar e saber avaliar as respostas. Dúvidas devem ser varridas. A Petrobras, vale lembrar, é importante demais para ser desmoralizada por irresponsáveis.

Salve-se quem puder -

ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP -

BRASÍLIA - O clima no Planalto e no PT deve ser de "salve-se quem puder" diante da avalanche de más notícias. Dilma culpa o partido, o PT culpa a presidente e ambos têm um bode expiatório: a imprensa.

Dilma cai nas pesquisas e parece cada vez mais só, mas mantém a imagem de mulher honesta e distante de maracutaias. Logo, empurra para o PT a responsabilidade pelas vicissitudes e a torrente de denúncias.

Elas embolam o ex-vice-presidente da Câmara André Vargas, o ex-ministro e atual candidato Alexandre Padilha, ex-diretores da Petrobras e um doleiro onipresente em negociatas, já preso e indiciado.

O PT, enrolado até o pescoço, fugindo como pode de uma CPI da

Petrobras e apavorado com a queda da aprovação de Dilma em todas as faixas de renda e de escolaridade, tenta jogar a culpa numa presidente que não acerta uma.

Não tem marca, deixa a desejar na gestão e é um desastre na economia: crescimento só superior ao da Argentina e da Venezuela na América do Sul, previsão de inflação acima da meta, juros mais altos do que antes da posse, aumento de impostos para cobrir erros no setor elétrico. E a balança comercial...

Afinal, o que vai bem? E, se o governo falha e o partido está envolto em denúncias, de quem é a culpa?

Dilma não pode fugir da responsabilidade, como disse o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli sobre a compra da refinaria de Pasadena, que gerou prejuízo de mais de meio bilhão de dólares.

Isso vale para tudo e para os dois lados. Se Dilma tem responsabilidade sobre Pasadena, também tem sobre os resultados lamentáveis da Petrobras e os erros do seu partido no governo. Como o PT tem sobre os escândalos e sobre os erros de um governo que, afinal, é seu.

Por mais que Dilma e o PT tentem se desassociar dos fracassos um do outro, há um elo indissolúvel entre eles: Lula. Estão no mesmo barco e ninguém pode só lavar as mãos.

Urbanização de favelas -

MERVAL PEREIRA

O GLOBO -
O governador Pezão está disposto a ser criativo no combate ao tráfico, que desafia as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na tentativa de inviabilizar o principal projeto de segurança pública do governo do Rio. Enquanto discute projeto que permitiria uma reurbanização mais rápida de locais estratégicos nas comunidades onde atuam as UPPs, sem a necessidade de remoção dos moradores, pretende fazer convênios com o programa do governo federal Minha Casa Minha Vida para os casos em que a remoção seja necessária para os projetos de urbanização, como ampliação de ruas e aberturas de passagens em becos e ruelas das favelas.

Temos que ser criativos. Aqui no Rio, é um campo imenso para a gente inovar , diz o governador. Transformar as favelas em bairros é uma maneira mais ampla de tratar as ações sociais, tão necessárias para a consolidação da pacificação nos territórios anteriormente dominados pelo tráfico de drogas. Um enfoque diferente de serviço público, com efeito importante de mobilidade. Com o modelo urbano das favelas é muito difícil a solução, analisa Pezão. É difícil fazer patrulhamento em becos, vielas, em que as pessoas têm que andar até de lado. Quando você vê, de cima, do helicóptero, esses becos, é impressionante. E quando se anda nesses locais na Rocinha, no Jacarezinho, é uma coisa assustadora , comenta. O projeto prevê a abertura de avenidas em certas comunidades, onde não entra carro da polícia, não entra ambulância, do que se aproveita o tráfico para predominar. Temos que ter planos de remoção, usar o Minha Casa Minha Vida para esse trabalho social mais amplo , enfatiza Pezão, que pretende ir a Brasília discutir diretamente com a presidente Dilma Rousseff essa questão específica. Mas Pezão também procurará o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, para lançar uma discussão mais ampla: ele acha que é preciso maior autonomia federativa para certas legislações, desde o Código Ambiental até o Penal. Isso é guerra, é o tráfico internacional que está aqui. Tem gente poderosa atuando aqui , ressalta Pezão, que lembra que também é preciso mais ação do governo federal para ajudar o Estado do Rio que, destaca, é cercado de estradas federais: Rio-Santos; Rio-Petrópolis. É preciso ter um patrulhamento forte nas rodovias, na Baía da Guanabara. Não é um problema só do Rio. É do país . A antiga reivindicação de que a Polícia Federal aumente a fiscalização de armamentos e drogas que chegam aqui pelas fronteiras continua de pé, mas as ações mais próximas das entradas do Estado do Rio são urgentes neste momento de confronto. Se houve um Estado que fez esse enfrentamento foi o nosso , frisa Pezão, desfiando números: Quando nós entramos, havia 33 mil policiais. Hoje são 48 mil. E dão baixa cerca de mil por ano, por aposentadoria ou morte. Vamos abrir concurso agora para mais 6 ou 7 mil policiais militares e mais outro tanto de civis. Eram 21 mil presos; hoje são 37 mil . Ele pretende começar uma discussão nacional, convocar líderes da bancada federal do Rio para debater no Congresso mudanças no pacto federativo que permitam que os estados tenham legislações próprias, como acontece nos Estados Unidos, por exemplo. Não dá para a gente ter um Código Penal nem um Ambiental igual ao do Acre, as prioridades são distintas . A necessidade de revisão da legislação penal tem na liberação do traficante Pitbull, líder do tráfico no Pavão-Pavãozinho, um exemplo chocante: cinco meses depois de ter sido preso, foi autorizado a ver a família, e nunca mais voltou para a cadeia, estando neste momento comandando as ações naquela favela, enfrentando a UPP lá instalada. Cada um desses que é solto, desestabiliza , lamenta Pezão. Não é que não estejamos equipados para enfrentar, mas fazemos um grande esforço para prender um chefão do tráfico, e, depois de cinco, seis meses, ele é solto e volta. Isso cria uma instabilidade dentro dessas comunidades violenta .

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Eu estou por fora

RUTH DE AQUINO
  Você se sente igual a mim ou está por dentro do escândalo de Pasadena?

Na Universidade de Salamanca, fundada em 1218, Lula recebeu na semana passada o título de doutor honoris causa. Salamanca é uma cidade universitária, na Espanha, toda de pedras douradas, pontuada por monumentos, palácios e praças. ...

O ex-presidente preferiu não falar nada sobre a polemica de Pasadena. Alegou "estar fora" do Brasil. Você está por dentro do escândalo? Imagino que acompanhe a novela nos mínimos detalhes, pela imprensa. Não? Cansou? Acha que não vai dar em nada?
São bilhões demais, personagens demais, corretoras, laboratórios, empreiteiras e multinacionais, provas de corrupção em vários níveis, bandidos de toda sorte e escalão, doleiros, executivos, políticos, ministros, fantasmas. É um roteiro difícil de destrinchar até para um país viciado em telenovelas. Um enredo quase inverossímil de tão sujo, envolvendo “nossa” Petrobras. A primeira marca institucional, em 1958, era um losango amarelo, de contorno verde, com a palavra “Petrobrás”, ainda com acento, em azul. Em 1994, perdeu o acento, passou a não seguir as regras gramaticais, tornou-se um logotipo.
Imagino que, se fizessem uma pesquisa simples, em todo o Brasil, com uma única pergunta – “o que é Pasadena? (pa-ssa-di- n­a)” –, o cidadão comum teria dificuldade de responder, ou mesmo de pronunciar corretamente o nome da refinaria americana. Depois que a lama veio à tona, quem primeiro disse que a compra de Pasadena foi um “mau negócio” foi a presidente da Petrobras, Graça Foster. Ela também afirmou que a Petrobras “não é uma quitanda”. Não é mesmo, isso a gente sabe.
Tenho uma intuição, posso estar errada: o cidadão comum não lê mais nenhuma reportagem sobre a Petrobras, a não ser que se anuncie aumento da gasolina. Olha os títulos do escândalo, com desânimo. Deveria ler mais, se quisesse votar com consciência. Mas não. O cidadão comum está “por fora”. É na ignorância, no cansaço e na descrença que o governo aposta.
Pasadena, passa boi, passa boiada, e o cidadão comum não consegue se relacionar com reportagens que citam valores estratosféricos e esmiuçam detalhes técnicos como “a arqueação dos tanques de armazenamento da refinaria”, saques milionários sem registro, milhares de barris de petróleo que somem em trânsito ou dossiês confidenciais. Na pesquisa nacional, poderíamos também perguntar ao cidadão comum o que é “put option”. Corremos o risco de ele se sentir ofendido. “Put... o quê?”
Para que o cidadão comum e eu não fiquemos tão por fora, só resta mesmo criar uma CPI séria, concentrada na Petrobras, com poderes criminais, depoimentos no Congresso de todos os envolvidos... e que comece rápido, antes de o país parar tudo para ver os jogos da Copa. O tempo ruge. O governo federal sabe disso, o Congresso também. Dilma não quer uma CPI investigando apenas Pasadena.
Não é bom. Porque Pasadena está ligada umbilicalmente à alegada incompetência gestora de Dilma. O negócio piorou quando o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, do núcleo lulopetista da novela, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, afirmou: “Dilma não pode fugir da responsabilidade dela”. Gabrielli não gostou de ser apontado como único responsável por um “parecer falho e incompleto”. Quem mais se rebelará contra o script?
É importante que o cidadão comum saiba que o mau negócio da compra de Pasadena já é investigado pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, pelo Tribunal de Contas da União, pela Controladoria-Geral da União e pela própria Petrobras.
O ideal é que se investigue também, a jato, a extraordinária rede de propinas construída pelo ex-diretor da Petrobras, o engenheiro Paulo Roberto Costa, um vilão de folhetim. A rede envolve dezenas de empresas, no Brasil e no exterior, e vários partidos políticos.
Dilma e o PT preferiam uma CPI ecumênica. Que investigasse simultaneamente a Petrobras e os podres de Aécio Neves e Eduardo Campos, em São Paulo e em Pernambuco. Uma CPI assim, agindo em três frentes ao mesmo tempo, não faz sentido, não conseguiríamos ligar lé com cré. O Brasil não está preparado para isso. Deveríamos abrir três CPIs. Afinal, temos tempo de sobra, é ano de eleição e só estamos totalmente atrasados para sediar a Copa do Mundo.
A ministra do STF Rosa Weber decidiu enfrentar a bancada de Dilma e mandar instalar de imediato no Senado a CPI da Petrobras, escândalo nacional. Em defesa da “autonomia do Senado”, Renan Calheiros prometeu recorrer contra a CPI, mas de Roma. Logo depois da Páscoa esticada, em Alagoas, Renan foi para a Itália por seis dias, em viagem paga por nós, para ver a canonização de José de Anchieta, como bom católico que é. O vice-presidente Michel Temer também foi. A fé desse povo de Brasília move montanhas.


Fonte: RUTH DE AQUINO - revista ÉPOCA -

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