Jornalista Andrade Junior

FLOR “A MAIS BONITA”

NOS JARDINS DA CIDADE.

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CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASILIA

CATEDRAL METROPOLITANA NAS CORES VERDE E AMARELO.

NA HORA DO ALMOÇO VALE TUDO

FOTO QUE CAPTUREI DO SABIÁ QUASE PEGANDO UMA ABELHA.

PALÁCIO DO ITAMARATY

FOTO NOTURNA FEITA COM AUXILIO DE UM FILTRO ESTRELA PARA O EFEITO.

POR DO SOL JUNTO AO LAGO SUL

É SEMPRE UM SHOW O POR DO SOL ÀS MARGENS DO LAGO SUL EM BRASÍLIA.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Congresso gasta mais, apesar do discurso de austeridade

Congresso gasta mais, apesar do discurso de austeridade

Na Câmara de Alves, despesas com gratificações e horas extras puxam crescimento; no Senado de Renan, contratação de servidores
A prática de gastos do Congresso Nacional contrasta com o discurso de austeridade adotado pelos peemedebistas Henrique Eduardo Alves (RN), presidente da Câmara, e Renan Calheiros (RN), presidente do Senado, quando tomaram posse de seus cargos, no início do ano.
A Câmara dos Deputados aumentou suas despesas nos primeiros meses da gestão de Alves em R$ 130 milhões, o equivalente a 9,4%, na comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar de mais tímido, o Senado também registrou aumento de despesas: R$ 7,5 milhões.
Os dados são relativos aos meses de março a junho e foram divulgados ontem pela ONG Contas Abertas. Foi descontada do cálculo a correção dos valores de 2012 pela inflação registrada no período pelo IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas.
Nesses quatro meses da gestão de Alves, a Câmara fez pagamentos no valor de R$ 1,516 bilhão. Em 2012, o montante pago foi de R$ 1,297 bilhão em valores nominais e de R$ 1,385 bilhão com a correção inflacionária.
Gratificações. Entre as rubricas que registraram maior aumento está a de pagamento de gratificações a servidores, que subiu de R$ 199,1 milhões para R$ 230,9 milhões, um crescimento de 15,9%. As horas extras tiveram um salto de R$ 19,7 milhões para R$ 28,4 milhões, um salto de 44,1%.
Área que sofreu mudança devido a um ato assinado por Alves em março, os gastos com despesas relacionadas à saúde cresceram 27,8%, passando de R$ 50 milhões. O ato, aprovado pela Mesa Diretora ainda na gestão de Marco Maia (PT-RS), acabou com o limite de ressarcimento aos parlamentares por despesas nesta área.
A justificativa é que havia dificuldade de sistematizar as informações necessárias para estabelecer os tetos para cada procedimento. Um novo modelo de limites teria de ser elaborado, mas não há data para que isso ocorra.
A Câmara justifica que parte do aumento de despesas deve-se a um reajuste de 5% dado ao funcionalismo público em 2013. Na Casa, estes recursos foram usados dentro do plano de carreira, incidindo também sobre algumas gratificações, o que justificaria o crescimento desta despesa.
Em relação a horas extras, a Casa disse que neste ano tem ocorrido mais sessões deliberativas na comparação com 2012. No primeiro semestre de 2013 foram realizadas 218 sessões e votadas 431 matérias, enquanto em todo o ano passado, em que os parlamentares dividiram as atenções com as eleições municipais, foram realizadas 357 sessões e votadas 666 matérias.
Usando dados relativos ainda ao ano passado, a Casa ressalta a redução dos gastos em relação à despesa total da União nos últimos anos, de 0,49% em 2008 para 0,36% em 2012. Ressalta ainda que tem reduzido a despesa com pessoal na relação com a receita corrente líquida, cálculo usado na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Casa alta
Nos quatro meses analisados, o Senado sob o comando de Renan desembolsou um montante de R$ 1,19 bilhão.

Em nota oficial, a direção da Casa afirma que as despesas maiores em 2013 devem-se à posse de 292 servidores concursados no segundo semestre de 2012, ao reajuste salarial de 5% concedido aos funcionários e a um aporte de R$ 8,6 milhões para o fundo de previdência complementar dos servidores, o Funpresp, despesa que não existiu no mesmo período do ano passado.
O Senado diz ter tomado “uma série de medidas de economia”, citando a redução de funções comissionadas, não nomeação de mais concursados, renegociação de contratos de terceirização e diminuição de despesas com material de consumo, diárias e passagens aéreas. Renan também prometeu reduzir os gastos com saúde, mas não obteve sucesso.
Fonte: O Estado de S. Paulo

Rosa dos ventos

Rosa dos ventos - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo -

Depois de um primeiro momento de agitação com tendência à infidelidade provocada pela queda geral da avaliação de governantes - notadamente da que habita o Planalto -, partidos, políticos e até empresários adotam a velha combinação de prudência e caldo de galinha, receita que não faz mal a ninguém.

A palavra de ordem é conter o ímpeto da crítica e da debandada até sentir para onde sopram os ventos das manifestações, da popularidade da presidente Dilma Rousseff, da capacidade de seus prováveis oponentes em 2014 arrebatarem ao menos em parte o patrimônio perdido pelo PT e até da probabilidade de Lula se candidatar.

Diante das dúvidas (a maior delas diz respeito à recuperação de Dilma) e da incerteza sobre qual o caminho mais acertado a tomar anda valendo o velho lema: quando não se sabe o que fazer, melhor não fazer nada.

Prova é o recuo do PT no tom do documento discutido pelo diretório nacional do partido dias atrás. Inicialmente continha críticas à política econômica e pedia revisão das alianças com "os conservadores" para fazer a rota de retorno à esquerda. Tudo isso foi tirado para, de um lado, preservar Dilma e, de outro, não queimar caravelas com os aliados antes do tempo.

Compasso de espera é a expressão que define o momento. A questão é: até quando? Não se sabe ao certo mas no início de outubro, quando acaba o prazo para filiações partidárias dos candidatos em 2014, o quadro estará mais definido. Não porque quaisquer dos pretendentes a presidente - à possível exceção de José Serra - estejam pensando em mudar de partido, mas porque a partir daí seus aliados já não poderão abandonar os barcos sem abrir dissidência explícita nem se submeter aos riscos daí decorrentes.

Uma mudança, entretanto, parece consolidada: antes das manifestações os partidos aliados do governo não viam opção fora da reeleição de Dilma. Hoje ainda não conseguem dizer qual seria a alternativa, mas sabem que ela não é a única.

Volta por baixo. De mola que leva ao alto, Sérgio Cabral Filho virou âncora que prende ao fundo, com seus minguados 12% de avaliação positiva à frente do governo do Rio. De onde sua companhia tornou-se um embaraço federal para seus parceiros na política.

Resultado da conjugação de abuso de poder na prática de hábitos faustosos, provincianismo político (demonstrado na excessiva confiança na influência de Lula sobre o Congresso quando da discussão sobre a distribuição dos royalties do petróleo) e arrogância tardiamente assumida com a promessa de ser "mais humilde".

Cabral, reeleito em 2010 no primeiro turno com votação espetacular, confundiu apoio popular com salvo-conduto para transgredir todas as regras. Sejam as de civilidade no convívio com os governados, sejam as balizas legais que exigem do governante respeito à transparência, à impessoalidade e à probidade.

O governador achou que ninguém iria se incomodar com o fato de destratar professores, médicos e bombeiros chamados de vândalos e bandidos no exercício de movimentos reivindicatórios; de passar boa parte do tempo viajando ao exterior, incluindo aí ocasiões em que o Rio foi atingido por tragédias às quais não dava a devida importância evitando aparecer em público em momentos adversos. Cabral considerou que, ao abandonar entrevistas no meio porque não gostava das perguntas, afrontava a imprensa - quando o gesto significava interdição do diálogo com a sociedade.

Acreditou-se inimputável. Não teve noção de limite. Agora se diz arrependido por influência das palavras do papa. Ao que alguns chamam de senso de oportunidade outros dão o nome de oportunismo. Para não falar no egoísmo de pedir aos manifestantes que se retirem da porta de sua casa porque tem "filhos pequenos", sem se importar com os filhos dos vizinhos.

Novas fronteiras da privatização

Novas fronteiras da privatização - ARMANDO CASTELAR

CORREIO BRAZILIENSE -

Tem quase quatro décadas que a privatização entrou no debate econômico no Brasil. Desde então, o seu escopo vem se ampliando. Ainda que nem sempre no mesmo ritmo, essa expansão ocorreu em todos os governos, inclusive no da presidente Dilma Rousseff, em que a privatização ganhou novo fôlego.

Nas décadas de 1950 e 1960, o setor estatal aumentou consideravelmente, com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), da PETROBRAS, do BNDES, da Eletrobras etc. Após a reforma administrativa de 1967, se observou uma nova onda de ampliação, com a verticalização e a expansão horizontal das grandes estatais.

A grande mudança no governo Geisel foi colocar freios nessa expansão, retirando alguns dos privilégios de que gozavam as estatais. Ainda que a venda dessas empresas tenha sido considerada, nem o governo nem o setor privado queriam isso. Convergiu-se, assim, para abrir espaço para as empresas privadas competirem e estabelecerem parcerias com as estatais.

A situação macroeconômica ficou mais crítica no governo Figueiredo. Em reação, não só se apertaram os controles sobre as estatais como se passou a vender algumas delas. A privatização se limitou, porém, a empresas pequenas, em geral estatizadas antes, em processos de falência. O governo Sarney deu continuidade à privatização, que passou a incluir empresas de maior porte.

Na década de 1980, vender estatais deixou de ser tabu. Adicionalmente, o governo aprendeu como fazer isso de forma transparente. Os órgãos de controle, do Ministério Público ao Congresso Nacional, também se equiparam para acompanhar cada operação. Assim, ainda que os resultados tenham ficado aquém das metas originais, o avanço em termos institucionais e de comunicação foram notáveis.

Essa preparação se mostrou fundamental quando a privatização foi ampliada no governo Collor, com a criação do Programa Nacional de Desestatização, essa passou a incluir algumas das principais estatais do país, como a CSN e a Embraer. O presidente Itamar Franco deu prosseguimento à privatização. De fato, mais empresas foram privatizadas no seu governo do que no do antecessor.

Nova ampliação da privatização teve lugar no governo FHC. Esse focou na entrada da iniciativa privada na infraestrutura, depois de um século em que o setor fora dominado por empresas estatais. Também nesse período se fizeram reformas institucionais importantes, não apenas para tornar o processo mais ágil, mas para criar um ambiente regulatório que estimulasse os novos concessionários privados a operar de acordo com o interesse público.

A ampliação do escopo da privatização foi um grande desafio. Desde os anos 1970 que essa conta com apoio minoritário da população. Às vezes, mesmo dentro do próprio governo. Isso exigiu reforçar os controles e instrumentos que garantiam não apenas a lisura como também a transparência do processo. Compreensivelmente, os controles externos também se aprimoraram com o tempo. Isso foi importante para legitimar ainda mais o processo.

O motivo para ir em frente com a privatização, mesmo com pouco apoio popular, foi ela ser o remédio certo para o problema da baixa produtividade e da falta de investimento. Foi o pragmatismo, não a ideologia, que fez a privatização andar no Brasil.

É isso que explica os governos Lula e Dilma terem recorrido à privatização, mesmo se opondo a ela ideologicamente. Como se sabe, a opção preferencial desses dois presidentes era expandir o investimento público, especialmente na infraestrutura. Só quando perceberam o tamanho das dificuldades envolvidas em viabilizar essa expansão decidiram recorrer à privatização.

O atual processo é bastante ambicioso. Prevê-se uma grande ampliação da malha rodoviária nas mãos de investidores privados, construindo sobre as privatizações nesse setor realizadas no governo Lula. Metas igualmente ambiciosas estão colocadas para o setor ferroviário e o de portos. Além disso, está na agenda privatizar grandes aeroportos, setor em que o governo Dilma foi pioneiro em transferir as operações para a iniciativa privada.

A ampliação da privatização e o maior pragmatismo com que essa vem sendo tratada são avanços importantes. É fundamental, porém, nunca descuidar dos controles e da transparência. Por isso, quanto menos a ideologia interferir na modelagem desse processo, melhor. Como a política macroeconômica, a privatização também deveria ser protegida do debate político-eleitoral.

Confiança abalada

Confiança abalada - CELSO MING

O Estado de S.Paulo -

Em dois dias, três índices diferentes, medidos por institutos diferentes, apontaram para uma forte redução da confiança no governo por parte do consumidor, da indústria e do comércio.

Há duas semanas, a presidente Dilma Rousseff, criticou os propagadores do pessimismo que azedam tudo e criam um ambiente ruim para recuperação da atividade econômica. E culpou os analistas da economia, sem precisar melhor o seu alvo.

O governo é incapaz de reconhecer seus erros na condução da economia, divulga só o que lhe interessa, maquia resultados e distorce fatos.

Nenhum estrago à credibilidade do governo foi maior do que as práticas argentinas do secretário do Tesouro, Arno Augustin, de submeter as contas públicas de 2012 a artifícios contábeis. Até agora, ninguém entendeu como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pode garantir um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida), em 2013, de 2,3% do PIB.

As contas públicas são opacas. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, admitiu em entrevista ao Estadão (21/7) que "a política fiscal não é clara". E, antes dele, o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto declarou ao Estadão (8/6) que a percepção do mercado é de que "a situação fiscal do Brasil é uma esculhambação". E, ainda ontem, o próprio Delfim advertiu que essa contabilidade criativa distorce as estatísticas da dívida pública líquida.

Também ontem, o economista-chefe do Grupo Credit Suisse, Nilson Teixeira, advertiu que, para a recuperação da confiança é necessário que o governo aponte o resultado real das contas públicas, "sem manobras contábeis".

O governo não apenas gasta demais, mas, sobretudo, gasta mal; investe pouco e administra pior ainda seus projetos de investimento. Em praticamente todos eles, temos a síndrome das obras de transposição do Rio São Francisco, que não terminam nunca e custam cada vez mais, para benefício sabe-se lá de quem.

Por que, por exemplo, a presidente Dilma insiste em afirmar que a inflação fechará este ano "na meta", quando se sabe que a meta de inflação é de 4,5% e não os 6,5% (que incluem a margem extra de tolerância) a que ela se refere? Todas as projeções apontam para uma inflação acima dos 5,5% em 2013. Por que não admitir que esse estouro é gol contra e não uma vitória sobre a alta de preços, especialmente quando se leva em conta a deterioração do poder aquisitivo do assalariado.

Não há comentário da área econômica do governo que não atribua os números ruins da atividade econômica aos graves problemas externos - que os analistas, é claro, acabam piorando com seu pessimismo. Apesar disso, também o governo garante que a virada vem vindo aí e que tudo vai melhorar, inclusive as avaliações da população em relação ao desempenho da presidente Dilma. Ora, se estamos mal porque o mundo vai mal, então como é que se pode esperar pela melhora, se os prognósticos são de uma piora do comportamento da economia mundial?

A maneira como o governo administra a economia e as contas públicas é parte essencial do problema da falta de confiança. E as críticas que lança a esmo contribuem para a prostração.

Banalização do Bem

Banalização do Bem - - ZUENIR VENTURA

O GLOBO -
A maior novidade do discurso inovador do Papa é que a reforma moral proposta por ele deve passar pelo diálogo e o encontro, não pelo confronto



Nesses tempos sombrios de violência, guerra, miséria e fome, em suma, da chamada banalização do Mal, é sintomático que o Papa Francisco tenha conseguido um extraordinário sucesso pregando justamente o contrário, algo como a banalização do Bem. A sua foi a primeira voz autorizada de alcance planetário a se levantar contra a razão cínica em voga, propondo em seu lugar um círculo virtuoso, uma espécie de revolução ética contra a cultura do provisório, da exclusão e do descartável. Quem sabe ele não estará pondo fim a um ciclo de produção do mal como energia incontrolável? O filósofo francês Jean Baudrillard, estudioso do tema e cético quanto à sua erradicação, achava inevitável o funcionamento das sociedades sobre a base da “disfunção, do acidente, do catastrófico, do irracional”. Na sua opinião, “dizer que tudo isso pode ser exorcizado, erradicado, significa insistir numa perspectiva religiosa da salvação”. Pois durante a semana que passou entre nós, foi nessa perspectiva que o Papa insistiu, distribuindo esperança e atualizando antigos valores e virtudes como a solidariedade e a tolerância, esquecidos ou “fora de moda”. Ele pode até ser criticado pelo que calou (aborto, preservativo, célula-tronco), mas não pelo que falou de outros temas tabus: “Se uma pessoa é gay, quem sou eu para julgá-la?” “A mulher na Igreja é mais importante que os bispos e os padres.” A maior novidade de seu discurso inovador é que a reforma moral proposta por ele deve passar pelo diálogo e o encontro, não pelo confronto. Pela compreensão, não pela animosidade. Nunca pela intransigência e o radicalismo. Essa talvez seja a melhor contribuição para a paz do evangelho segundo Francisco.

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Ao facilitarem o trabalho dos garis ajudando a recolher o lixo depois dos eventos, os peregrinos deram uma lição de educação para os foliões sugismundos e mijões, que no carnaval espalham detritos nas ruas e urinam nas calçadas, canteiros e até através das grades dos edifícios. Mais um legado de civilidade deixado pelos alegres fieis da JMJ.

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Por falar em onda do bem: o Hospital do Cérebro Paulo Niemeyer, que está sendo inaugurado, impressiona não só porque é um dos mais bem instalados e equipados do mundo, mas também por ser uma obra “padrão Papa”, ou seja, é excelente e não se destina aos privilegiados, e sim aos necessitados do SUS. E pensar que, com o que foi gasto com muitos dos estádios que vão virar elefantes brancos depois da Copa, algumas dezenas desses hospitais podiam ser construídas pelo Brasil afora.

Sim, havia

Sim, havia - RUY CASTRO

FOLHA DE SP -

RIO DE JANEIRO - Os menores de 30 anos podem não acreditar, mas já houve tempo em que "sexo oral" tanto podia significar a clássica modalidade olímpica como infindáveis discussões entre homens e mulheres sobre sexo, antes ou depois do dito --às vezes, durante. Os homens, procurando razões profundas para possíveis disfunções. As mulheres, atormentadas em busca do orgasmo que insistia em escapar-lhes.

Uma dupla de pesquisadores americanos, o dr. William H. Masters e sua assistente Virginia Johnson, foi decisiva para limpar a área e estabelecer novos conceitos. Suas descobertas de laboratório, trabalhando com centenas de voluntários, levaram ao livro "A Conduta Sexual Humana", publicado em 1966 nos EUA e vulgarizado em inúmeras publicações populares dos anos 70. No Brasil, revistas como "Playboy" e "Nova" tornaram certas expressões, como "ejaculação precoce", "orgasmo clitoridiano" e outras, tão corriqueiras quanto a quantidade de ovos numa receita de pudim.

Masters e Johnson eram sérios e deram um passo adiante em relação ao "Relatório Kinsey", de 1948. Graças ao casal, os terapeutas se convenceram de que certas impotências podiam ser provocadas por uma prosaica veia entupida, e não porque o sujeito quisesse matar a avó; e de que não havia diferença fisiológica entre os orgasmos via vagina e clitóris, o que tornava sem sentido a ideia de que só o primeiro seria um orgasmo "maduro", como queria Freud.

Infelizmente, Masters e Johnson resultaram também em picaretas como Shere Hite, autora do "Relatório Hite", para quem a descoberta do clitóris pelas mulheres reduzia o homem a um apêndice inútil. Eu próprio, na época, ouvi isso, no Rio, de lindas feministas --sim, havia.

Masters morreu em 2001, aos 86 anos; Johnson, na semana passada, aos 88. Apesar de tudo, rapazes e moças fomos mais felizes por causa deles.

Marido da presidente da Petrobras tem 42 contratos com a estatal, 20 deles sem licitação

Marido da nova presidente da Petrobras tem 42 contratos com a estatal, 20 deles sem licitação

PEDRO SOARES e DENISE LUNA folha de são paulo

 Quem conhece as duas de perto costuma dizer que a engenheira Maria das Graças Silva Foster, 58, é um “clone” da presidente Dilma Rousseff. A diretora de Gás e Energia da estatal substituirá José Sergio Gabrielli na presidência da empresa.

Rígida e extremamente exigente, assim como Dilma, Graça, como gosta de ser chamada, tem fama de agressiva no trato com sua equipe. São uma espécie de “criador e criatura”, dizem.
Por causa dessa fama de difícil no trato, no começo do governo Dilma havia na Petrobras uma torcida para que seu destino fosse um ministério em Brasília –ela foi cogitada para a Casa Civil– e não a presidência da estatal, o que se consumou só agora.

Nessa época surgiram as informações de que a empresa do marido de Graça multiplicou os contratos com a Petrobras a partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção na estatal.

De 2007 a 2010, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, assinou 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos à estatal. Entre 2005 e 2007, apenas um havia sido firmado.

Em nota, a Petrobras informou que não firmou contratos com a empresa de Colin Foster, marido de Graça, mas fez “pequenas compras de componentes”, entre 2005 e 2010. Não informou, no entanto, o valor total das compras.

Segundo a Petrobras, houve dispensa de licitação em 20 delas por terem valores abaixo de R$ 10 mil. Nenhuma das compras, afirma a nota, foi feita por alguma área vinculada à diretoria de Gás e Energia.
PRIMEIRA MULHER

Primeira mulher a ocupar uma diretoria da Petrobras e a ser indicada para assumir a presidência da companhia, Graça Foster é funcionária de carreira. Começou como estagiária em 1978 e ocupou cargos gerenciais na estatal antes do governo Lula (2003-2010).

Mas foi pelas mãos da então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, que, no começo de 2003, trocou o Rio de Janeiro por Brasília e começou a alçar voos maiores na sua trajetória profissional.

A aproximação profissional ocorreu quando Dilma era secretária de Energia do Rio Grande do Sul (1999-2002) e ambas tratavam sobre o gasoduto Bolívia-Brasil. A então secretária queria um ramal adicional do duto para atender ao sul do Estado, mas ouviu um não como resposta da então gerente da estatal.

Nem por isso, a amizade deixou de prosperar. Graça filiou-se ao PT e engajou-se na campanha de Dilma à presidência. Tem três estrelas tatuadas no antebraço esquerdo, duas delas vermelhas.

No período em que Dilma esteve no Ministério de Minas e Energia, Graça Foster foi secretária de Petróleo e Gás. De volta ao Rio de Janeiro, em 2005, dirigiu as subsidiárias Petroquisa e a BR Distribuidora.

Em setembro de 2007, ao sóbrio e desejado 23º andar do Edifício Sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro, onde estão as salas dos diretores. Agora, só mudará para uma sala mais ampla, a da presidência da maior empresa do país.
(…)

O cérebro vadio das vadias: a indomável opção pelo nada




As marchas das vadias são um dentre tantos retratos de que, no Brasil atual, delírios megalômanos, pretensiosos e de maligna puerilidade ganharam voz “política”.

A devoção à imbecilidade é a religião dessas meninas-moças. Religião que se propaga como rastilho de pólvora numa sociedade psicótica.

Há uma escala na relação da inteligência com as coisas — que pode ir da compreensão extática de elevadas verdades até a mais agônica recusa do ser, quando as convicções de uma pessoa se tornam impermeáveis a todas as evidências em contrário. Neste caso, a alucinação ganha contornos sistêmicos e é quase impossível sair da ciclofrenia, ou seja: da loucura circular que até pouco tempo os manuais de psiquiatria chamavam de psicose maníaco-depressiva. Em situações tais, as certezas do indivíduo transformam-se na expressão cabal de um delírio. Então, o caminho apresenta-se desimpedido para que o afastamento da realidade se dê em progressão geométrica, até gerar taras e monomanias de todos os tipos possíveis e inimagináveis.

Interessa-nos aqui mencionar o que chamaremos de delírio político, caracterizado por um estado crepuscular frenético no qual o sujeito sonha de olhos abertos, projetando sobre a coletividade um falso ideal que não é outra coisa senão a tentativa de moldar tudo e todos à imagem e semelhança de sua própria perda do senso comum. Neste quadro, é completa a irredutibilidade da convicção delirante a qualquer tentativa de dissuasão. O sujeito constrói a sua visão do mundo a partir dos destroços de si próprio, e nestes casos não há psicotrópico ou remédio de tarja preta que dê jeito, pois o problema não é clínico. É espiritual, noético. O alucinado amansa, é claro, porque o medicamento atua sobre o sistema nervoso central, mas continua sem manter contato com a realidade dos valores que conformam a sua humana condição.

Traço típico da personalidade do delirante político é forjar analogias entre situações essencialmente distintas, sem ter a menor noção de que se trata de uma petição de princípio, ou seja, do ato de inserir indevidamente a conclusão nas premissas de que parte. Para tanto, o delirante conta com o terrível auxílio de dois fatores: a hipertrofia da sensibilidade, que pode levá-lo a histrionismos patéticos, e a intransigência autoritária típica dos estados paranóicos, nos quais qualquer objeção é rejeitada instintivamente — e o objetor, tido como inimigo a ser desqualificado a qualquer custo. O delírio torna-se sistema vital gerador da incrível e absurda coerência entre as idéias-fixas que o modelam e a conduta do sujeito.

O Brasil das “manifestações” — termo eufemístico que serve de antolhos para o delirante político não ver os crimes que, direta ou indiretamente, comete ou apóia — tem dado mostras veementes de como esse tipo de personalidade brutal, insana, tornou-se endêmica. Na prática, o caminho para chegarmos à presente situação foi palmilhado por décadas de desinteligência daquilo que alguns filósofos medievais chamavam de saluberrima veritas, ou seja: o núcleo de verdades constituintes da essência humana. Não existe nenhum exagero em dizer que há cinqüenta anos estamos sendo educados para o desespero, e o desespero é a indomável opção pelo nada.
As marchas das vadias são um dentre tantos retratos de que, no Brasil atual, delírios megalômanos, pretensiosos e de maligna puerilidade ganharam voz “política”. Nestes eventos vê-se algo insólito, levando-se em conta toda a história humana: pessoas a ostentar publicamente a própria depravação como um troféu — circunstância reveladora de que, em suas pobres almas, a vaidade alcançou estranho e superlativo grau. Em breves palavras, este é o signo distintivo de um peculiar transtorno da personalidade, no qual a referência tirânica ao próprio umbigo vira bandeira social, tendo como adereço publicitário suplementar algumas tetas murchas, de espontânea feiúra. Coerentes e fiéis às premissas hedonísticas que lhes servem de sustentáculo, essas criaturas têm da liberdade uma erudita concepção vaginal-peniana, e também anorretal.
Para o bem de todos e felicidade geral da nação, alguém poderia prendê-las por vadiagem cerebral explícita. Mas não apenas por isto, é claro: os vários delitos constantes do Código Penal cometidos por elas em eventos dignos de enrubescer um Calígula — enquanto, com funesta benemerência, a grande imprensa as chama de “manifestantes” — já há tempos ultrapassaram os limites suficientes para o Ministério Público denunciá-las. Desta vez, com a naturalidade cênica de quem tira meleca do nariz, à luz do dia essas vadias enfiaram crucifixos nas suas asseadas vaginas, como também os introduziram amavelmente nos gulosos ânus dos seus companheiros de utopia. Quebraram símbolos religiosos, berraram palavrinhas de ordem, simularam masturbação com a cabeça da imagem de Nossa Senhora e levaram a cabo (e pelo cabo) outras de suas lúdicas atividades, por acaso contrárias à lei.
A devoção à imbecilidade é a religião dessas meninas-moças. Religião que se propaga como rastilho de pólvora numa sociedade psicótica, ao mesmo tempo em que representa a narcolepsia social em forma de coletivismo anárquico.
Como se vê, o gigante brasileiro acordou. Pena que era um demônio de quinta categoria.

http://contraimpugnantes.blogspot.com.br

O gosto pela clandestinidade



Há poucos dias de se iniciar o XIX Encontro do Foro de São Paulo, na cidade que deu nome a esta organização, coisas obscuras e silenciadas pela mídia nacional ocorreram bem debaixo dos narizes do povo e das autoridades mas merecem uma investigação séria.

No início do mês de julho tomamos conhecimento de que aviões da Força Aérea Venezuelana (FAV) estiveram em várias partes do país, desembarcando grupos de aproximadamente 200 militares, a maioria em trajes civis e alguns poucos fardados. Depois do desembarque formavam-se grupos de 40 deles que, sob as vistas discretas dos fardados, embarcavam em vôos comerciais junto com outros passageiros. O primeiro grupo seguiu do aeroporto de Campo Grande e alguns desceram em São Paulo, enquanto o restante seguia - não se sabe para onde -, pois o vôo ainda faria escalas em Maringá, Curitiba e Porto Alegre.

Consultadas, as autoridades da Força Aérea Brasileira informaram o que segue:

- o C-130 venezuelano realmente pousou em SBCG no dia 8, ficando estacionado ao lado de um avião da GOL;

- foi um pouso técnico para reabastecimento;

- os passageiros e tripulantes, cerca de 40 militares, foram autorizados a entrar no terminal de passageiros, sendo submetidos aos procedimentos padrões de aduana e imigração;

- todos retornaram ao C-130;

- a bordo do C-130 havia um blindado;

- o destino da aeronave era Montevidéu, para onde iria o presidente Maduro (a fim de tomar parte em uma reunião de chefes de estado);

- supõe-se que os passageiros do C-130 iriam fazer a segurança do Maduro;

- tudo o mais que foi divulgado na internet não passa de história fantasiosa criada por alguma mente muito fértil que a postou em um blog.

Outra fonte me informa que a Polícia Federal (PF) confirmou que havia inspecionado um grupo de 80 passageiros e que nenhum permaneceu no país, seguindo para o Uruguai na manhã do dia 09/07. Entretanto, a mesma fonte me informa que “outro vôo da FAV pousou em Roraima, com cerca de 200 pessoas, desembarcaram e dispersaram em destinos diferentes”.

Ora, não é a primeira vez que os militares brasileiros são enganados por este governo, tendo ocorrido um fato desagradável em fevereiro de 2011, quando as FARC exigiram que, para devolver à liberdade três colombianos seqüestrados em seu poder, necessitavam de helicópteros da nossa FAB que se deslocou para lá e foi usada vergonhosamente conforme denunciei na ocasião em meu blog (ler aqui:http://notalatina.blogspot.com.br/2011/03/resposta-alguem-que-estava-la-no.html).

É provável que uma quantidade desses militares venezuelanos tenha apenas feito escala para reabastecimento em solo brasileiro e seguido para Montevidéu, e que faziam parte da guarda pessoal do usurpador “presidente” Nicolás Maduro, uma vez que no dia 11 de julho ocorreria uma reunião do MERCOSUL. Tudo isto é crível. O que não podemos acreditar, porque são os fatos que provam o contrário, é que fosse necessário enviar dois aviões, um aterrissando em Campo Grande e outro em Roraima, para depois seguir ao Uruguai a fim de fazer a guarda de Maduro. Sabemos - e até as pedras venezuelanas sabem - que essa guarda é a mesma que servia ao defunto Hugo Chávez, composta por militares pertencentes ao G2 cubano, escolhidos a dedo pelo próprio Fidel Castro, com passaportes venezuelanos falsos.

Seria ingenuidade acreditar que esses dois aviões trazendo 400 militares cubano-venezuelanos iam TODOS fazer a guarda de Maduro, e justamente num país onde o presidente é seu amigo e, como ele, membro do Foro de São Paulo? Seria “história fantasiosa” de “alguma mente muito fértil”, imaginar que dentre esse enorme grupo havia terroristas das FARC devidamente cedulados como “venezuelanos” (isso é fartamente conhecido pelas Forças Armadas colombianas e também denunciado pelo Notalatina), que vieram se estabelecer no Brasil? Em quem devemos acreditar: nas fotos que comprovam esses detalhes e o relato da pessoa que viajou no mesmo vôo do grupo que desembarcou em São Paulo, ou no que disseram as autoridades da FAB e da PF? Já vimos e tomamos conhecimento de tantas coisas encobertas pelos órgãos oficiais de segurança brasileiros, que obedecem em última instância à chefe do Governo nacional, que não me espantaria se a informação dada pela FAB tenha sido aquilo que foi “permitido” divulgar, afinal, clandestinidade não é exatamente uma atitude desconhecida ou repudiada pela mandatária brasileira. 

Futuramente saberemos o que estes elementos vieram fazer aqui, mas aposto numa coisa: legal e oficialmente, nem um terço deles veio ou está no Brasil.


http://notalatina.blogspot.com

prefeito de Maricá contrata segurança privada por R$ 2,1 milhões

recebi por e-mail de um amigo leitor

O exército de Quaquá: prefeito de Maricá contrata segurança privada por R$ 2,1 milhões

POVO E POVAO BRASILEIRO ,POR FAVOR ACORDA.
O custo da segurança do Pres. OBAMA e' de aproximadamente 1 Milhão de dólares Anuais e a SEGURANÇA DO PREFEITO DE MARICÁ e' quase o mesmo valor por ano. A Segurança permanente e' de 75 homens e mulheres agentes do FBI, DEA, NSA etc. O PREFEITO DE MARICÁ, RJ e' quase o dobro e gastos maiores do Pres OBAMA!!!! Será que tem algo errado ou corrupção generalizada.
ACORDA POVO e POVAO veja a notícia

DILMA, OS MÉDICOS E A DITADURA ESCANCARADA

COMENTÁRIO FEITO NO JORNAL DA MANHÃ DO SBT INTERESSANTÍSSIMO SOBRE A OBRIGATORIEDADE DOS MÉDICOS EM TRABALHAR DOIS ANOS NO INTERIOR. MEDIDA DESCABIDA. ASSISTA, REFLITA E COMPARTILHE

PT: uma década perdida no IDH?

 RECEBI POR E-MAIL
PT: uma década perdida no IDH?
Se olharmos o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) publicado em 2003 com o apresentado hoje, pelo IPEA, temos um quadro que pode estar expressando uma década perdida, marcada pelas duas gestões de Lula. O IDH 2013, que cobre a gestão do petista, é menor do que o IDH 2003, que abrange a gestão tucana. Ao que parece, de forma esperta,  o IPEA resolveu analisar 20 anos, em vez de 10 anos. O que faz desconfiar que existe, aí, uma manipulação safada dos dados para não mostrar que o Brasil melhorou mais, no IDH, com FHC do que com Lula.

Na comparação de 2003 a 2013, que envolve o período petista, os números não mentem. No confronto PT x PSDB, os tucanos ganham de lavada.

À exceção do Distrito Federal, que manteve a sua posição por motivos óbvios, Acre, Bahia, Rio Grande do Sul e Sergipe perderam posições no ranking do IDH. Um fiasco em termos de gestão. De cinco estados, apenas um manteve a sua posição, os outros quatro pioraram.

Já os estados governados por tucanos, à exceção do Pará, que perdeu posições, de Alagoas e Paraná que mantiveram os seus postos, cinco estados melhoraram o IDH: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Roraima.

O IDH não é feito pela mídia golpista, nem tampouco pela elite fascista. É um índice da ONU. Portanto, só resta ao PT reconhecer que faz o marketing da miséria muito bem. Já acabar com ela são outros quinhentos.

Tanto é que em 2003 o IDH do Brasil era 0,792. O IDH de 2013 ficou em 0,727. Uma queda de mais de 8%. Por isso, os espertinhos estão comparando tudo com os últimos 20 anos. Mais um motivo para comprovar que o PT apenas puxou os índices para baixo.

começou o encontro dos liberticidas que se fantasiam de adoradores da democracia



Mauro Pereira e o Foro de São Paulo: começou o encontro dos liberticidas que se fantasiam de adoradores da democracia


Começou mais uma edição do Foro de São Paulo. Novamente, pessoas sem muito o que fazer, ou sem vontade de trabalhar, estão reunidas na capital paulista para a pauta de sempre: amaldiçoar o capitalismo, chamar “us estadunidense” pra porrada e exercitar as mais exóticas manifestações de democracia. Se sobrar espaço, pode até rolar alguma referência ao atraso que devasta a América Latina.
Talvez estimulado pelo evento, vieram-me à lembrança os dias 3 e 4 de dezembro de 2011, datas contempladas por episódios envolvendo universos diferentes, mas intimamente ligados pelas causas e efeitos que os revestiam. Um pelo viés insólito. Outro pela dramaticidade implícita.
No dia 3, um sábado, recepcionada por Hugo Chaves, sob o patrocínio da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos ─ a CELAC, mais nova sigla criada para aterrorizar o centro-sul do continente americano ─, reuniu-se em Caracas a fina flor da “democracia” imposta à América Latina e ao Caribe. Desfilaram sob os holofotes da imprensa capitalista (a ser censurada) democratas da estirpe dos Castro, dos Morales, dos Correa, dos Ortega, dos Kirschner.
Uma das estrelas do evento foi Dilma Rousseff ,que propiciou o momento mais tenso da reunião ao levantar dúvidas sobre uma questão prioritária: qual calva era a mais atraente, a de Lula ou a de Chaves? Para não ferir suscetibilidades nem causar constrangimentos,  a decisão ficou para um outro encontro.
Aquele ajuntamento de tiranetes decadentes, todos sonhando com seu país particular, uma imprensa companheira, a população submetida ao circo e a oposição à bala, vetou por unanimidade o ingresso dos Estados Unidos e do Canadá na entidade. Decididos a garantir que a injustiça não prospere no continente, negaram-se a macular a CELAC com a presença de representantes dos regimes autoritários que assolam as duas nações do norte.
Em nome dos brasileiros, Dilma assinou o documento que oficializou aquela empulhação cujo texto ridiculariza nossa inteligência e desdenha da fome que castiga latinos-americanos e caribenhos.  Representante de uma das “democracias” mais sólidas e evoluídas do planeta, o presidente cubano Raul Castro foi um dos primeiros a chancelar a farsa.
No dia 4, um domingo, o Brasil tomou conhecimento de um drama que se desenrolava em algum lugar do Maranhão, protagonizado pelo apresentador de televisão Gugu Liberato e por uma família de oito pessoas que sobrevivia em condições sub-humanas. O grupo de brasileiros foi representado por Maria, a mãe,  precocemente envelhecida pela miséria, e pela filha Raimunda, uma adolescente de olhos tristes que não ousava encarar o interlocutor famoso.
Morando com os sete filhos num casebre de pau-a-pique, aquela brasileira valente sobrevivia com o auxílio-doença de uma das meninas. Já não aguentava quebrar coco para prover o sustento da família. Sem acesso a redes de esgoto e com a fossa séptica saturada, todos usavam a mata no fundo do quintal como banheiro e tinham no poço imundo ao lado da palhoça a única possibilidade de saciar a sede, ainda que com a água contaminada.
Teimam em resistir a essa realidade devastadora centenas de milhares de Marias e Raimundas, que sobrevivem à espera de um dia em que apareça para resgatá-las algum gugu liberato. Sobrou somente a dignidade que lhes permite enfrentar o martírio cotidiano, que as autoridades não veem e a propaganda oficial ignora.
Os caudilhos do Foro de São Paulo, que começa oficialmente neste 2 de agosto, deveriam mirar-se no exemplo dessas marias e raimundas, pouco importa se brasileiras, bolivianas ou argentinas. Todas são produtos de um subcontinente macabro, traído por subditadores e subpresidentes.
Continuo a não chorar por ti, América Latina. E chorarei menos ainda depois de mais uma reunião, agora em São Paulo, ao longo da qual os hipócritas recitarão versos em louvor da democracia que desprezam. Não serás digna de uma única lágrima minha enquanto deres guarida a caudilhos e tiranos.

Perda do poder apavora a companheirada

Perda do poder apavora a companheirada

“A população percebeu que o PT tinha um plano de poder, não de governo. Mas a queda não é só da presidente. A classe política precisa demonstrar com atos que o objetivo maior é melhorar a vida das pessoas”Carlos Roberto *
Pouco mais de um mês após os protestos nas ruas de todo o Brasil, Dilma Rousseff (PT) segue ladeira abaixo em seus índices de aprovação, numa demonstração inequívoca de que de pouco, ou nada, adiantam as ações pirotécnicas para tentar salvar seu desgoverno.  Menos de um ano atrás, a presidente se gabava dos altos números que conseguia de aprovação, graças ao extensivo uso da máquina  pública, nos mais diferentes níveis, para alavancar sua popularidade. Mas a casa caiu.
Desde que as ruas começaram a dar seus recados, que foram muito além das reduções nas tarifas de ônibus urbanos, a engenhoca petralha de propaganda mentirosa, capitaneada pelo publicitário João Santana, tentou uma série de investidas para mais uma vez enganar a população. Nenhuma delas deu certo. Até a visita do papa Francisco ao Brasil serviu para Dilma tentar se tornar mais amável e ganhar pontos junto aos brasileiros. De novo, não deu certo. O discurso oportunista da presidente foi facilmente identificado e sua postura foi rechaçada tanto pelos católicos como pelo restante da população.
Na última semana, mais uma pesquisa – CNI/Ibope – revelou os tempos bicudos vividos pela presidente. Nem sua base aliada no Congresso, capitaneada pelo PMDB, faz mais coro aos anseios de perpetuação no poder tão difundido pelo PT. Há sinais evidentes de quedas expressivas na produção industrial e no crescimento econômico, que afetam diretamente a vida das pessoas. Em contrapartida, o descontrole da inflação, que segue bem acima das metas previstas, joga por terra todas as tentativas de reversão desse quadro de queda.
Lula, o ex-presidente que criou Dilma, primeiro desapareceu do cenário político como se pudesse fugir de todas as responsabilidades que têm em relação à derrocada econômica que se vive no Brasil. Ao reaparecer, não demonstra mais que quer salvar sua criatura. Até a reforma ministerial, que tinha como objetivo reduzir o número de pastas (oficialmente, são 39 ministérios), não vingou, já que os compromissos políticos do governo federal para tentar manter sob seu controle diversos partidos praticamente inviabilizaram o enxugamento necessário de gastos em nível federal.
Passada a visita do papa Francisco e o recesso parlamentar deste meio do ano, o segundo semestre deverá servir para que o Brasil coloque em prática uma verdadeira mudança de seus conceitos políticos. É fundamental que as lições tiradas das ruas sejam colocadas em prática, sob o risco de não haver tempo para reverter um possível descontrole institucional. A classe política precisa rever suas posturas e passar a demonstrar, com atos, que o objetivo maior deve ser – sempre – melhorar a vida das pessoas. Por tudo isso, dá para perceber que a queda não é apenas da presidente. Mas de todo um conjunto que se julga absolutista. E a população já percebeu que o PT tinha um plano de poder para o país e não um plano de governo. Assim, dá para afirmar que o fim, para a companheirada, está bastante próximo.

* Carlos Roberto é industrial e deputado federal pelo PSDB de São Paulo. Na Câmara, preside a subcomissão de monitoramento das políticas de financiamento dos bancos públicos de fomento, com destaque para o BNDES.

Para mais avanços no desenvolvimento humano

Para mais avanços no desenvolvimento humano - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO -
A mudança de patamar do padrão de vida do país em duas décadas não pode ser capitalizada só por tucanos ou petistas. Foi uma obra conjunta



A evolução da sociedade brasileira em duas décadas, de 1991 a 2010, impressiona. A divulgação de Índices de Desenvolvimento Humano Municipais (IDHM), elaborados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em conjunto com o Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada (Ipea), do governo federal, e Fundação João Pinheiro, serve como mais uma oportunidade de reflexões sobre o que fazer para a trajetória de melhoria da qualidade do desenvolvimento não ser interrompida.

O fato de o país já estar envolvido no clima de disputa eleitoral com vistas à sucessão da presidente Dilma Rousseff concede às estatísticas até uma importância maior. Mesmo que elas não considerem o período do atual governo, em que um modelo de expansão econômica lastreado no consumo chegou ao esgotamento, com a redução do ritmo de expansão, mudança de patamar da inflação e desequilíbrio nas contas externas. Até por isso se justifica o debate.

Com algumas diferenças metodológicas, o IDHM segue o índice de desenvolvimento humano global (IDH) ao acompanhar três áreas: a longevidade/expectativa de vida ao nascer, evolução da renda e a educação.

Nas duas décadas pesquisadas, o IDHM do país subiu 47,5%, de 0,4930 para 0,7270 (quanto mais próximo de um, melhor). O Brasil deixou o patamar classificado de “muito baixo” para “alto”. Em 1991, 85,8% dos municípios estavam no grupo dos mais mal avaliados, posição em que, em 2010, se encontravam apenas 0,57% das cidades.

Indiscutível que, entre os fatores que explicam o salto, está a estabilização da economia, com o fim da superinflação em meados da década de 90. Como também se encontram os gastos sociais, ampliados a partir de 2003. Mudança de tamanha magnitude é uma obra conjunta de governos tucanos e petistas, em alianças com vários partidos. Não pode ser capitalizada apenas por uma corrente político-ideológica.

É preciso manter a tendência de alta no IDHM global. Para isso é crucial manter a economia estabilizada, com a inflação sob controle, sob o risco de os avanços na renda dos mais pobres serem pulverizados. Outro campo estratégico é o da Educação, onde os progressos foram, em boa medida, quantitativos, com a quase universalização da matrícula no ciclo fundamental. Já há algum tempo, trava-se a batalha decisiva da melhoria da qualidade do ensino — por sinal, não contemplada como precisa ser no cálculo do IDHM.

É no enfrentamento da inflação, e mudança do modelo de crescimento, conjugado com a reforma do sistema educacional público — para aprimorar o aprendizado, com destaque ao ciclo médio e profissionalizante —, que o Brasil das próximas décadas está sendo definido.

A política sob avaliação

A política sob avaliação - EDITORIAL ZERO HORA

ZERO HORA -

Em seu pronunciamento de sábado no Teatro Municipal, no Rio, o papa Francisco lançou um desafio direto aos governantes e políticos brasileiros que vêm sendo questionados nas manifestações de rua: reabilitar a política. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, reabilitar é, entre outras definições, "restituir os direitos, a capacidade e a situação perdidos", "fazer recobrar ou recobrar a estima, a consideração pública ou particular", "fazer voltar ou voltar ao convívio social, às atividades normais".
Não resta dúvida de que a atividade política está cercada de pouca estima e consideração, perdeu capacidades e status e é malvista na sociedade. Tampouco essa é uma opinião inovadora. Há séculos, os políticos são vistos por uma parcela mais emocional de cidadãos como parasitas, mentirosos, arrogantes, mesquinhos e egoístas. Em As Viagens de Gulliver (1726), o irlandês Jonathan Swift já escrevia: "Ele tinha a opinião de que qualquer um que pudesse plantar duas sementes de milho ou duas mudas de grama num solo onde apenas uma tivesse crescido antes serviria melhor à humanidade, e faria serviço mais essencial a seu país, do que toda a raça dos políticos reunida". Mais de cem anos depois, o escocês Robert Louis Stevenson sustentava: "Política é talvez a única profissão para a qual nenhuma preparação é julgada necessária".
O Papa sugeriu também a fórmula para que se reabilite a política: ética, diálogo e um Estado laico, livre da influência de religiões. É digno de nota que tenha sido o bispo de Roma, ocupante de posição que no passado foi a de maior poder no mundo civilizado, a fazer tal defesa da não interferência de pontos de vista e interesses confessionais nos assuntos políticos. A separação entre Igreja e Estado é uma das características distintivas da organização política moderna. O fato de o chefe do maior rebanho de fiéis do planeta ter reclamado para a religião um papel político de menor relevância, dando primazia à conduta ética e ao respeito à diversidade de opiniões, deve ser entendido como a mais eloquente defesa da reformulação da esfera pública.
Se considerarmos o jogo de poder e interesses que lançou a política brasileira ao descrédito, talvez seja preciso recomeçar do zero. Mas as instituições democráticas não podem ser confundidas com as pessoas que as deturpam. O Brasil tem eleições no próximo ano, e essa é a grande oportunidade para uma virada de jogo, incluindo o protagonismo dessa massa de jovens e de pessoas que saíram às ruas para protestar nas últimas semanas. O povo brasileiro precisa mostrar que tem maturidade para escolher livremente novos representantes e para avaliar com justiça os atuais ocupantes de cargos públicos. O papa Francisco mostra sintonia com as mentes de milhões de brasileiros, católicos ou não, ao pregar uma reabilitação da atividade pública.

A psicologia de príncipes

A psicologia de príncipes - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE -
A estada do papa no Brasil ensinou muitas lições. Uma das mais importantes foi dirigida a bispos reunidos no Centro de Estudos de Sumaré depois da missa do envio. Na pregação por nova Igreja, Francisco alertou para o risco da psicologia de príncipes - a adoção do fausto e o consequente distanciamento do povo. A mensagem, dirigida a público interno, alcança em cheio dirigentes do país anfitrião.
Ao dizerem que não se sentem representados pelos políticos "que aí estão", os jovens que tomaram as ruas do Brasil não conseguiram verbalizar, de forma sintética, a causa da aversão. Fizeram-no esparsamente, em cartazes que repudiavam a corrupção, a impunidade, a insegurança, o descaso com a saúde, a má qualidade da educação. Talvez todas possam ser abrigadas sob o guarda-chuva da psicologia de príncipes.

Político no Brasil deixou de ser gente de carne e osso. Tornou-se peça de marketing. Plataformas de governo desapareceram. Viraram estratégia de marqueteiros. Os programas eleitorais, cujo objetivo é apresentar as propostas dos postulantes e respectivos partidos, mostram uma nação de faz de conta capaz de provocar a inveja de Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia.

Eleito, o candidato ganha carteira de autoridade. Ou, como diz o papa, ingressa no seleto clube da aristocracia. O príncipe mora em palácio com direito a empregados, comida e bebida. Voa em avião particular, roda em carro blindado, conta com dezenas de assessores. Tem cartão corporativo e equipes médicas que ficam à disposição 24 horas por dia. Barões, duques, viscondes não moram em palácio. Mas têm a residência, o transporte e gastos sustentados pelo erário.

Não só. A mordomia não se restringe aos eleitos. Abrange a corte. Ministros, secretários, chefes de gabinete usufruem das benesses. O resultado não surpreende - a perda do contato com a vida real. Não é outra a razão por que há projetos que obrigam os donos do poder a andar de transporte público, matricular os filhos em escolas do Estado, tratar da saúde em hospitais do SUS. Seria a forma de sair da bolha e descobrir que vive no país habitado por gente, não por personagens criados pelos estúdios Disney.

A moçada que protesta há dois meses trouxe o povo de verdade para as ruas. Assustou. As respostas vieram embaladas por marqueteiros. Não convenceram. Talvez uma olhada no noticiário da semana passada jogue luzes na escuridão do atraso. O papa precisou se locomover. Escolheu um carro popular e manteve o vidro aberto para ver quem precisa ser visto. A princesa Kate deixou a maternidade com o herdeiro no colo. O marido, 3º na linha sucessória do trono inglês, levou-a para casa - em carro dirigido por Sua Alteza.

Dever de casa para a Copa e as Olimpíadas

Dever de casa para a Copa e as Olimpíadas - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO -
Depois de dois grandes eventos, todos sabem o que fazer para evitar os problemas ocorridos nas últimas semanas. A ineficiência do setor público, porém, preocupa



No espaço de um mês, de junho para julho, o Rio foi testado em dois grandes eventos. Um, nacional, a Copa das Confederações; o outro, local, a Jornada Mundial da Juventude. Os organizadores da Copa do Mundo, no ano que vem, e das Olimpíadas, na cidade, em 2016, já sabem todos os problemas que enfrentarão. Trata-se agora de correr para evitar, ou minimizar ao máximo, as falhas de organização e planejamento observadas no Rio e em outras capitais.

Pode-se argumentar que uma coisa é o turista de esporte; outra, o peregrino. A primeira diferença é de dimensão e distribuição geográfica: o torcedor viajante se concentrará no Rio apenas na final da Copa. E nem todos virão, por suposto. Já o visitante religioso, em maior número (1,3 milhão, estima-se), se reuniu na cidade e tinha um perfil específico: jovens, muitos abrigados fora de hotéis, na rede de solidariedade estendida pela Igreja. Não importa, porém, a característica de cada viajante, pois todos precisam de um sistema de transporte público com um mínimo de eficiência, aeroportos e rodoviárias que mereçam ser chamados pelo nome, acessos fáceis aos pontos principais das cidades.

Na Copa das Confederações ficaram evidentes problemas no entorno de estádios. Fizeram falta obras para facilitar a chegada e saída das torcidas. No Rio, um planejamento bem feito minimizou as dificuldades. E o teste dos aeroportos ficou para o ano que vem, na própria Copa do Mundo. Como o governo federal atrasou bastante as licitações de terminais, teremos mais uma rodada de “jeitinhos” e “puxadinhos”. Na JMJ, houve falhas dos organizadores do encontro e do poder público. Escolher um descampado em Guaratiba para a vigília de 3 milhões de pessoas, sem um plano alternativo, foi uma imprevidência. E se não chovesse, forçando a mudança do encontro para Copacabana, a poeira transformaria a fantástica cerimônia de congraçamento e de mais uma interação mágica entre o Papa Francisco e jovens do mundo inteiro numa cena de canteiro de obras de Brasília na construção da cidade.

A infraestrutura de transportes da cidade se confirmou frágil. Os peregrinos enfrentaram os mesmos problemas que infernizam os cariocas no cotidiano. Apenas em maiores dimensões. Agravados, na terça, na abertura da JMJ, pelo apagão no metrô, sem que também houvesse qualquer plano de contingência. Ficou de uma vez por todas provado que a prioridade do Estado não pode ser trem-bala, mas metrô e/ou trens suburbanos para as capitais.

O prefeito Eduardo Paes tem razão em reivindicar o comando centralizado de megaeventos. De fato, a Prefeitura, por conhecer mais a cidade, deve poder coordenar os diversos serviços mobilizados nestes acontecimentos. Porém, tanto ou mais do que isso, é imprescindível saber o que fazer, contar com os recursos necessários e atuar no tempo certo. São características infelizmente raras na administração pública brasileira.

A bagunça vai se instalando

A bagunça vai se instalando - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S. PAULO -
As manifestações que começaram no mês de junho não só perderam envergadura, como se tornaram mais raras, mas os atos de vandalismo promovidos por pequenos grupos, que nelas se infiltram, continuam com o mesmo ímpeto. Muitas vezes eles agem sozinhos, sem buscar a cobertura da grande maioria dos manifestantes pacíficos. Como não são reprimidos pela polícia - ou só o são, e ainda assim de forma tímida, quando sua violência ameaça escapar a todo controle -, sua ousadia vem num crescendo.

Eles voltaram a atacar na sexta-feira, deixando em São Paulo um rastro de destruição por onde passaram e, no Rio, amedrontando peregrinos reunidos à noite na Praia de Copacabana, onde se realizava um show promovido pela Jornada Mundial da Juventude. Na capital paulista, a manifestação -em apoio aos jovens que no Rio protestam contra o governador Sérgio Cabral - começou pacífica por volta das 18 horas no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. Mas logo desandou, quando entrou em ação um grupo de participantes dos Black Blocks, que se intitulam anarquistas.

Eles ignoraram os apelos dos organizadores da manifestação para que não houvesse vandalismo e logo começaram um quebra-quebra. Depredaram 13 agências bancárias e picharam as Estações Trianon e Brigadeiro do metrô. Os poucos PMs ali presentes assistiram a tudo passivamente. Um tenente disse à reportagem do Estado que a ordem era não intervir.


Quando um manifestante pediu a outro PM que agisse contra os vândalos, ouviu como resposta: "Se você for até a delegacia e identificar (o suspeito de vandalismo) eu levo. Senão, não posso". Os Black Blocks se dirigiram em seguida para a Avenida 23 de Maio, onde usaram um ônibus biarticulado para interromper o trânsito. Só então a PM interveio, liberando o trânsito, e conseguiu dispersar o grupo quando ele retornou à Paulista.

No Rio, dessa vez não houve destruição, mas em compensação o susto foi grande. Cerca de 300 manifestantes, gritando "Fora Cabral" e "Não vai ter Copa", tentaram invadir a área que dá acesso ao palco onde pouco antes estivera o papa Francisco. Os peregrinos reagiram com medo e, se o show que se realizava ali no momento não tivesse sido encerrado antes da hora por causa dos gritos dos manifestantes, favorecendo sua dispersão, eles poderiam ter provocado pânico, com as consequências facilmente previsíveis.

A agressividade crescente desses grupos e o comportamento hesitante da polícia, que só intervém em último caso, quando o mal já está feito, criam uma situação altamente perigosa. Ela combina o medo da população - que, quando não presencia, assiste pela televisão às cenas impressionantes de destruição - com a ousadia dos vândalos, alimentada pela impunidade de seus atos.

A essa altura, nada mais justifica a hesitação e a timidez da polícia. Se a própria maioria dos manifestantes deixa clara sua discordância com a violência, o que os governantes ainda esperam para determinar às forças da ordem que ajam com o rigor que a situação exige? Ao contrário do que afirmaram algumas autoridades policiais, não há dificuldade alguma em distinguir os grupos violentos dos demais manifestantes. Basta ver o que fazem.


A passividade da polícia só se explica pelos receios dos governantes de serem acusados de violentos. O que se exige deles é a firmeza que tem faltado, porque a violência hoje está do outro lado - o dos grupos de vândalos. Nenhum deles - sejam os autoproclamados anarquistas como os Black Blocks, os skinheads, os funqueiros ou os simples bandidos - esconde sua clara adesão aos atos violentos para atingir objetivos tão vagos que a violência em si parece satisfazê-los.

Como o governo pode tolerar isso? Sua omissão só estimula os quebra-quebras e, a continuar assim, é grande o risco de que a situação fuja ao controle nas grandes cidades. Evitar isso, mantendo a ordem, é a atitude mais democrática a ser adotada pelos governantes. A bagunça não combina com a ordem democrática. É o seu oposto.

Chicago 2016

Chicago 2016 - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP -

SÃO PAULO - Genial a capa do jornal "Chicago Sun-Times", de quarta-feira passada, que trazia uma foto de protestos violentos no Rio de Janeiro acompanhada da manchete "Perdemos para isso?", numa referência ao fato de a capital fluminense ter derrotado a cidade ventosa na disputa pelos Jogos Olímpicos de 2016.

Levando adiante o bom humor do diário americano, proponho que entreguemos a Chicago o direito de sediar o evento. Acho que ainda dá tempo e todos sairiam ganhando.

O motivo mais óbvio para opor-se à realização da Olimpíada no Rio é o elevado custo da operação. Há dúvidas de que financiar esse tipo de competição seja uma prioridade e é praticamente uma certeza que os gastos ocorrem de forma pouco republicana, com aplicações orçamentárias pouco transparentes e as inafastáveis suspeitas de favorecimento.

Meu ponto, porém, é que, mesmo que as despesas seguissem um modelo de plena lisura e total eficácia administrativa, ainda assim Olimpíada é algo de que governos deveriam manter prudente distância. A questão central é que esse tipo de despesa é concentrador de renda. É verdade que empreiteiros, donos de hotéis e de restaurantes, taxistas e o comércio em geral de fato podem beneficiar-se do investimento. Se a aventura produzir um legado de infraestrutura permanente (o que está longe de ser uma certeza), o carioca também ganhará algo.

O problema é que, para gerar essas oportunidades, tiramos dinheiro do caixa geral, para o qual todos contribuíram. Não me parece muito justo que o cidadão que paga impostos no Acre subsidie (e em condições longe das ideais) algo que será bom, no máximo, para parte dos cariocas.

Copas, Olimpíadas e grandes eventos internacionais são bem-vindos desde que financiados com dinheiro privado. Como não conseguimos fazer isso, preferimos apelar à velha lei da socialização dos prejuízos e da privatização dos lucros.

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