Jornalista Andrade Junior

FLOR “A MAIS BONITA”

NOS JARDINS DA CIDADE.

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CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASILIA

CATEDRAL METROPOLITANA NAS CORES VERDE E AMARELO.

NA HORA DO ALMOÇO VALE TUDO

FOTO QUE CAPTUREI DO SABIÁ QUASE PEGANDO UMA ABELHA.

PALÁCIO DO ITAMARATY

FOTO NOTURNA FEITA COM AUXILIO DE UM FILTRO ESTRELA PARA O EFEITO.

POR DO SOL JUNTO AO LAGO SUL

É SEMPRE UM SHOW O POR DO SOL ÀS MARGENS DO LAGO SUL EM BRASÍLIA.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Poderá o casamento igualitário resultar em perseguição religiosa?

Escrito por Bryana Johnson
Está cada vez mais evidente que as virtudes da família cristã não estão incluídas no grupo das ideias “toleráveis”.
“Parece que uma barreira religiosa foi criada para o mercado de trabalho, com a qual um cristão que queira agir conforme suas crenças religiosas quanto ao casamento não será mais capaz de trabalhar em muitos ambientes.”

DALLAS, 25 de janeiro de 2013 – No início deste mês, 1.067 padres, bispos e abades no Reino Unido criaram uma grande agitação ao assinarem o que está sendo chamado de uma das mais longas cartas abertas já escritas na história política da Inglaterra.

A carta foi publicada como um alerta contra a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Esse evento pode desencadear uma perseguição religiosa contra os católicos, que se opõem ao casamento homossexual baseado em dogmas de sua fé, segundo a multidão de sacerdotes.
A carta surge em resposta ao Primeiro-Ministro britânico David Cameron, que anunciou sua intenção de passar uma lei legalizando o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Reino Unido até o fim do mês.
“A complementaridade natural entre um homem e uma mulher resulta no casamento, visto como uma sociedade para a vida toda", declararam os sacerdotes no documento. “Essa união amorosa – devido à sua complementaridade física – está aberta a produzir e educar filhos. É disso que se trata o casamento. É por isso que o casamento só é possível entre um homem e uma mulher”.
“A legislação para o casamento entre pessoas do mesmo sexo, caso seja promulgada, terá muitas consequências legais, restringindo gravemente a capacidade dos católicos de ensinar a verdade sobre o casamento em suas escolas, instituições de caridade e locais de adoração”, acrescentaram. Os signatários da carta representam cerca de um quarto de todos os sacerdotes católicos na Grã-Bretanha.
Independente da nossa posição sobre a questão do casamento igualitário, é importante para nós apurar se essa declaração é ou não fundamentada nos fatos e na experiência coletiva dos estados e nações que já consagraram o casamento homossexual em lei. É claro, os direitos e liberdades religiosas dos defensores do casamento tradicional devem ser protegidos, mesmo com as uniões do mesmo sexo se tornando mais difundidas e aceitas.
Existe verdade nas palavras dos sacerdotes britânicos, e deve o povo cristão levar esse alerta em consideração? Será essa legalização do casamento igualitário a porta de entrada para uma era de benevolência e harmonia? Ou será meramente um sinal de uma nova forma de intolerância que se aproxima, um fanatismo de ódio e violência descarregado sobre a família tradicional e seus defensores?
A questão óbvia é, será que os opositores do casamento igualitário sofreram perseguição e perderam sua liberdade religiosa em outros países que adotaram essa redefinição radical do casamento? A resposta não é nada enganosa. Vejamos um pouco da história recente.

Tolerância no Brasil

Na semana passada, católicos membros do Instituto Plínio Correa de Oliveira se reuniram na cidade de Curitiba para protestar contra o aborto e a ideologia homossexual e defender a família tradicional. O homossexualismo é legal no Brasil desde 1830 e goza de ampla aceitação.
No entanto, os manifestantes católicos, que marchavam pacificamente e seguravam cartazes, não foram recebidos com tolerância e aceitação. Aliás, logo uma multidão irritada os cercou e começou a gritar ameaças e fazer gestos obscenos. Os católicos levaram cusparadas, e um deles teve um objeto arremessado na cabeça, causando um sangramento. Enquanto mostrava a mão ensanguentada diante da câmera, a multidão comemorava. Esses incidentes foram filmados pelo próprio instituto e por um espectador simpático à aglomeração rebelde.
Em 2007, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transsexuais (ABGLT) entrou com vários processos contra opositores do movimento homossexual no Brasil. Um desses processos visava websites que haviam acabado de expor o ativista Luiz Mott por sua promoção da pedofilia e da pederastia.
Outro processo foi movido contra a psicóloga e terapeuta Rozangela Alves Justino, que fornecia orientação psicológica e terapia para homossexuais que quisessem mudar sua orientação sexual. Como o Conselho Federal de Psicologia do Brasil proibia os psicólogos de realizar terapia reparativa para o homossexualismo, a ABGLT pediu que a licença de Rozangela fosse revogada.
Há muitos anos atrás, o escritor cristão pró-vida Julio Severo fugiu do Brasil depois de saber que teria sofrido uma ação por sua cobertura “homofóbica” da Parada Gay de 2006. Severo deixou abruptamente o Brasil com a esposa grávida e dois filhos pequenos. Na ocasião, não havia lei oficial no Brasil criminalizando o comportamento “homofóbico”.
Em fevereiro de 2009, o LifeSiteNews noticiou que "o governo brasileiro havia determinado que 99% de seus cidadãos eram ‘homofóbicos’, e que portanto deveriam ser reeducados”.  De acordo com o jornal O Globo, o governo federal pretendia utilizar os dados do estudo para “planejar novas políticas”. Essas novas políticas foram implementadas em maio de 2012, quando o senado brasileiro aprovou uma lei criminalizando a ‘homofobia’.
Em abril de 2012, Julio Severo entrevistou a psicóloga cristã Marisa Lobo, que relatou que o Conselho Federal de Psicologia pressionava e aterrorizava homossexuais que buscavam ajuda para superar sua atração indesejada por pessoas do mesmo sexo.  Marisa também atacou o Conselho ao questionar o “kit gay” que o governo brasileiro tentou distribuir aos estudantes das escolas públicas com o propósito de combater a “homofobia”. Devido ao conteúdo explícito no kit e seu retrato favorável ao comportamento homossexual, ele foi mais tarde suspenso pela presidente Dilma Rousseff.
“Quando souberam que eu era cristã, começaram a me perseguir”, explica Marisa, “como uma psicóloga que se classifica como cristã, e mais tarde no processo como uma ‘homofóbica’, porque havia dito no Twitter que amava os gays, mas que preferia que meu filho fosse heterossexual. E ainda não entendo por que o fato de ter uma opinião desperta violência”.
Parece que a margem de atividade tolerada no Brasil é bastante estreita, apesar de décadas de campanhas dos defensores do casamento igualitário contra o “ódio”, o “bullying” e o “assédio”. E está cada vez mais evidente que as virtudes da família cristã não estão incluídas no grupo das ideias “toleráveis”.

“Diversidade" e "Liberdade de Expressão" no Cadadá

O Dia do Canadá em Ontario no ano passado foi marcado por um preocupante incidente quando o Rev. David Lynn e um pequeno grupo de amigos esteve presente à Parada Gay de Toronto.  Montando um pequeno stand em uma esquina com um microfone e uma câmera, Lynn pregou, conversou com transeuntes e distribuiu bíblias e panfletos, isto é, até que a polícia de Toronto, usando adesivos LGBT, o interromperam e forçaram a deixar a área. Ignorando a blasfêmia e o comportamento violento dos participantes irritados da parada, que insultaram o grupo e jogaram água em Lynn e em seu cinegrafista, a polícia disse a Lynn que ele estava “promovendo o ódio” e que deveria sair. Vídeos do incidente podem ser vistos aqui, aqui e aqui.
Parece que apenas algumas formas de liberdade de expressão são defendidas no Canadá hoje em dia. E críticas ao homossexualismo, mesmo pacíficas e motivadas por um cuidado amoroso, não são uma delas.
Quando o Conselho Escolar do Distrito de Toronto revelou seu novo “currículo anti-homofobia" em 2011 (Desafiando a Homofobia e o Heterosexismo: Da educação infantil ao ensino médio) muitas pessoas ficaram compreensivelmente preocupadas. Obviamente, as coisas só pioraram quando saiu a notícia de que os pais não teriam a opção de retirar seus filhos do programas, nem mesmo da educação infantil. Professores também não estavam autorizados a se recusar a ensinar o curso com base em convicções religiosas.
Parece que apenas alguns tipos de diversidade são estimulados no Canadá hoje em dia.  As virtudes da família cristã não estão entre eles.
O currículo ensina os estudantes que “você não pode escolher ser gay ou hétero, mas pode escolher sair do armário”. No 3º ano, é recomendado aos estudantes ler o livro Gloria Goes to Gay Pride (Glória Vai à Parada Gay). E os estudantes são incentivados a fazer sua própria “parada gay” na escola.
Infelizmente, a maioria das paradas gays é inadequada para crianças da educação básica.
A abordagem perturbadora e aparentemente totalitária adotada pelo distrito de Toronto é apenas uma amostra do que virá pela frente, segundo uma ministra da educação no Reino Unido. Elizabeth Truss, sub-secretária Parlamentar de Estado da Secretaria de Educação, alertou em novembro que os professores poderiam ser punidos se não ensinassem tópicos a favor do homossexualismo, caso o governo britânico seguisse em frente com seus planos de redefinir o casamento.

Mais Exemplos de Amor e Aceitação

A agência de adoção americana Catholic Charities vem sistematicamente fechando escritórios em vários estados americanos após uma série de ferozes disputas legais sobre o direito da agência de se recusar a alocar crianças com casais homossexuais. Leis similares também forçaram agências filiadas a igrejas na Inglaterra, como a Catholic Care, a se afastar das igrejas ou fechar as portas.
Em janeiro de 2012, um juiz de Nova Jersey emitiu decisão em desfavor de uma casa de retiro cristão que não permitiu uma cerimônia de união civil entre duas pessoas do mesmo sexo no local, argumentando que a Constituição permite “alguns tipos de intrusão na liberdade religiosa para equilibrar outros objetivos sociais importantes”. Em setembro passado, um casal gay entrou com uma ação contra duas instituições em Illinois que se recusaram a acomodar uma cerimônia de união homossexual. Pousadas cristãs, que costumam ser negócios familiares, têm sido um alvo especialmente visado por ativistas homossexuais para esse tipo de assédio.
No processo de Ladele e McFarlane contra o estado do Reino Unido, os requerentes Lillian Ladele e Gary McFarlane foram demitidos dos seus locais de trabalho por se recusarem a realizar trabalhos envolvendo orientações e uniões homossexuais. Ladele, funcionária de um cartório do Conselho de Islington, em Londres, “foi punida após pedir para não realizar registros de uniões homossexuais”. McFarlane é um psicólogo que foi demitido após ter “se recusado a se comprometer de modo inequívoco em realizar terapias psicossexuais com casais do mesmo sexo”. Eles apelaram ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, mas o tribunal se recusou a escutar o caso de ambos.

A Importância para o Futuro da Liberdade Religiosa

“Parece que uma barreira religiosa foi criada para o mercado de trabalho, com a qual um cristão que queira agir conforme suas crenças religiosas quanto ao casamento não será mais capaz de trabalhar em muitos ambientes”, comentou Andrea Williams, Diretora do Centro Judicial Cristão.
Isso certamente é uma declaração trágica, e que sinaliza uma resposta sombria à pergunta sobre se a legalização do casamento gay irá resultar na perda de liberdade religiosa. Obviamente é injusto que ativistas homossexuais esperem que pessoas de fé joguem fora suas crenças e seus ideais tão estimados. Mas esses ativistas realmente se fazem odiosos para as pessoas civilizadas ao tentarem forçar dissidentes a violar seus códigos morais e suas consciências e endossar ou promover um estilo de vida que eles consideram repulsivo.
Se o objetivo da legalização do casamento homossexual é, como escutamos tantas vezes, o de erradicar a intolerância e o radicalismo, seus ativistas deveriam se alarmar ao saber que seus esforços foram completamente malsucedidos. No entanto, por mais chocante que possa parecer, os defensores do casamento homossexual estão provando repetidas vezes que só defendem a tolerância de um único ponto de vista, e que só acreditam na proteção de único tipo de expressão: a própria.


Tradução: Luis Gustavo Gentil

Do The Washington Times: “Will legal same-sex marriage result in religious persecution?

www.juliosevero.com

Obrigado, Venezuela!

Queria que a OEA conhecesse formalmente, como costumam diplomatas e burocratas destes organismos, o ocorrido na Venezuela desde 10 de janeiro, que para qualquer estudante de primeiro ano de Direito deve-se entender como um “golpe de Estado”.

Não tenho palavras para reconhecer as mensagens de apoio e solidariedade recebidas por minha atuação no Conselho Permanente da OEA, em 16 de janeiro, e que motivou a “desautorização” de meu governo pelo dito e, ato contínuo, minha destituição como Representante Permanente do Panamá ante a OEA.

Não me resta mais que dizer, obrigado, Venezuela, porque foi ao povo desse belo país a quem falei em 16 de janeiro. Embora me desautorizem e posteriormente me despeçam, quando tomei o microfone no Conselho Permanente era o representante do povo do Panamá, ali creditado como seu embaixador, quem falava. Assim consta em suas atas e anais. A desautorização, a destituição e a alegre reação do senhor Maduro, simplesmente não existiram nesse dia histórico.
Com toda propriedade, lhes asseguro que o povo panamenho entende quão mal vai a pátria de Bolívar, solidarizando-se com os que lutam dentro e fora dela pela liberdade e a democracia. Às vezes este apoio é aberto, outras é sentido porém silencioso. Lembrem que nós vivemos episódios similares aos que vocês vivem desde há 14 anos, quando por 21 anos os militares e suas sanguessugas se alçaram com o poder. Isso explica a solidariedade que também recebi de tantos no Panamá e no próprio núcleo do Governo que me destituiu, para evitar as represálias seguras do ilegítimo regime de Caracas.
O objetivo a que me propus nesse dia não podia ser frustrado por ninguém. Se naquela ocasião não me deixei amedrontar pelos gorilas panamenhos, dificilmente ia ceder ante as vacilantes instruções dos que não entenderam que para mim as ameaças de outro Governo só são efetivas na medida em que se cede ante elas. Calar e/ou despedir um funcionário por pressão externa, unicamente convida a maior pressão e menos prestígio para o Panamá. Já tive oportunidade de conversar sobre tudo isto pessoalmente com o presidente Martinelli, que publicamente me expressou sua amizade e apreço e que em privado foi ainda mais longe.
Queria que a OEA conhecesse formalmente, como costumam diplomatas e burocratas destes organismos, o ocorrido na Venezuela desde 10 de janeiro, que para qualquer estudante de primeiro ano de Direito deve-se entender como um “golpe de Estado”. E assim ocorreu. Antes disto ouvia todo tipo de argumentos para se fazerem de loucos; depois de minha intervenção ouvi poucos, ou melhor: nenhum. Embora só me apoiaram em meu esforço o Paraguai e o Canadá, em privado, outros mostraram solidariedade e, inclusive, o mesmo pessoal da missão venezuelana, soube de comentários de desagrado pela vulgar, evasiva e imprópria intervenção de seu Embaixador.
Seguirei ajudando-os no campo que disponha de agora em diante desde o Panamá. Porém, não se esqueçam que a luta é e deve ser sua, e deve-se dá-la coerentemente em nível internacional para que o pouco apoio político que hoje recebem fora da Venezuela se incremente. Viva a Venezuela! Sempre deve-se recordar que não há mal que dure cem anos nem corpo que o resista.
Nota:
Terminando de escrever estas palavras de agradecimento a tantos venezuelanos, chega a minha atenção uma nota canalha escrita por outro venezuelano, José Vicente Rangel, escudado por trás de um de seus tantos pseudônimos: “Marciano”. Não tenho que explicar que não cobrei jamais para defender os ideais que me definem. Faço-o dia e noite. Pobre, acima de tudo, mendigo ante ninguém. Entendo que cada ladrão julga por sua condição, mas deveria lembrar o hoje suporte de um regime de militares medíocres, que ninguém pôs em dúvida as razões pelas quais ele naquela ocasião nos ajudou tanto a sair de nosso pesadelo autoritário.


Tradução: Graça Salgueiro
 

ALENTOS PARA A VERDADE SUFOCADA IV - 2013

General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva
Professor Emérito e ex-comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
No ano de 2009, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, então um órgão do Ministério da Justiça, elaborou o 3º Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH3), que estabeleceu a constituição da Comissão da Verdade (CV) para investigar as violações aos DH cometidas por agentes do Estado, durante o regime militar, e propôs a revisão da Lei de Anistia para punir esses agentes..
 O PNDH3 foi lançado em dezembro daquele ano, coroando a primeira fase da campanha revanchista, intensificada com a ascensão do PT ao poder e patrocinada pela esquerda radical hoje fortemente enraizada no Executivo. Houve reação do ministro da Defesa e dos comandantes das três Forças, resultando em mudanças no PNDH3 com relação aos propósitos da CV e à Lei de Anistia. Mas hoje a reação já está neutralizada
O modelo de Comissão da Verdade merece questionamentos.
A composição do grupo de trabalho (GT) que elaborou o Projeto de Lei (PL) da CV obedeceu ao princípio da imparcialidade? Não.
O PNDH3 estabeleceu que o GT fosse composto por um representante da Casa Civil, um do Ministério da Justiça, um da Secretaria Especial dos DH, um da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos, um da sociedade civil (indicado pela Comissão) e um do Ministério da Defesa. À exceção desse último, os demais órgãos ou eram dirigidos por antigos militantes da luta armada ou por simpatizantes da esquerda radical. Um GT 5x1 elaboraria um PL imparcial?
Na Lei em pauta, a investigação de violações aos DH é restrita às cometidas apenas no regime militar e, também, somente às cometidas pelos agentes do Estado? Não.
Conforme a Lei, a CV tem “a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período fixado no art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias”. O art. 8º diz: “período de 18 de setembro de 1946 até a data da promulgação da Constituição [1988]”.
A Lei estabelece que a CV tem o propósito de “efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional”. Assim, a CV jamais poderia ter decidido investigar apenas as violações cometidas pelos agentes do Estado, pois a verdade histórica de um conflito não emergirá de uma investigação voltada apenas para um dos lados envolvidos. Um absurdo que agride a inteligência ou o senso de justiça do cidadão de caráter. Além disso, após mais de 30 anos do término da luta armada e 25 anos da nova Constituição, é surrealismo falar em reconciliação nacional.
O argumento de que os guerrilheiros e terroristas ficaram conhecidos e pagaram por seus crimes e que agora seria a vez dos torturadores serem apresentados para a condenação moral não se sustenta. Nem todos os primeiros são conhecidos, nem todos pagaram por seus crimes e muitos foram libertados em troca da vida de pessoas sequestradas. A Nação não conhece os componentes dos tribunais de justiçamento de guerrilheiros que abandonavam a luta armada. Não viu a face de todos que planejaram e executaram sequestros, atentados e execuções ou atuaram na logística e na preparação política dos quadros da guerrilha. Atentaram contra a vida, portanto, violaram DH da Declaração Universal.
Os componentes designados para a CV têm condições de atuar com imparcialidade, como determinado na Lei? Não.
O art. 2º da Lei reza: “A [CV], composta de forma pluralista será integrada por 7 (sete) membros, designados pelo Presidente da República (---)” e, no § 1º, que “Não poderão participar [da CV] aqueles que (---) não tenham condições de atuar com imparcialidade no exercício das competências da Comissão”. Pluralismo e imparcialidade? Como? Todos os componentes são de esquerda, um deles é ex-militante da Ação Popular, organização terrorista responsável pelo atentado no Aeroporto de Guararapes em Pernambuco (1966), e uma foi advogada de ex-guerrilheiros. Se não poderiam compor a CV pessoas que não pudessem ser imparciais, por que a designação dos seus membros pôde ficar a cargo da Presidente da República, uma ex-guerrilheira? Por que o Congresso não alterou o PL, a fim de impor a submissão dos indicados a uma comissão suprapartidária do Congresso Nacional? Mudança necessária para a credibilidade da CV, pois é impossível ser imparcial num tema com tamanha carga ideológica, por mais que se queira. Por que a relatoria do PL ficou com um senador que foi componente da ALN, organização terrorista de Marighela?
A Lei da CV determina ainda o seu funcionamento “no âmbito da Casa Civil”, quando deveria ser no Legislativo, Poder representativo da Nação e não de uma linha partidária dominada pela esquerda. A CV teria que ser autônoma em relação ao Executivo.
Pela Lei, impõe-se a investigação dos crimes da luta armada? Sim
O art. 3º preconiza: “São objetivos da Comissão Nacional da Verdade: (---) VII – promover (---) a reconstrução da história dos casos de graves violações de direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas de tais violações”.
Portanto, tinham que ser investigados os crimes da luta armada. Suas vítimas precisariam conhecer os responsáveis por suas sequelas, para mover-lhes ações indenizatórias à revelia da anistia, conforme o parecer de Ministro do STF com relação a crimes de agentes do Estado e, ainda, para serem indenizadas pelo Estado. A justiça não pode ser parcial!
Finalizando. O art. 4º, inciso III, permite à CV “convocar, para entrevistas ou testemunho, pessoas que possam guardar qualquer relação com os fatos e circunstâncias examinados”. Eis aí um dilema! A CV veio 30 anos após os fatos, quando ex-militantes da luta armada ocupam posições na liderança nacional. E se uma autoridade atual tiver participado direta ou indiretamente de um crime com vítimas?
Diante de uma Nação calada em face dessa injustiça, cito Martin Luther King: “o que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.

Prefeitos, transparência já!


‘Prefeitos, transparência já!’, por Gil Castello Branco

PUBLICADO NO GLOBO
GIL CASTELLO BRANCO
Um amigo, Arildo Dória, passando há alguns anos por uma cidade do interior de Goiás encontrou uma placa curiosa. A tábua de madeira, pregada no meio de duas estacas, anunciava a reforma da praça, o custo da obra e a origem dos recursos, diretamente atribuída ao “Povo de Padre Bernardo”. Diante da frase inusitada, Arildo, velho comunista, sentou-se em um banco que ainda restava no local para refletir sobre a forma da divulgação.
De fato, convenhamos, é mais correto relacionar a origem dos recursos ao povo do que aos governos federal, estaduais ou municipais, como insinuam os políticos nos outdoors sobre as obras públicas. O Estado, por si só, não gera um centavo. Apenas administra os impostos, taxas e contribuições que as pessoas físicas e jurídicas pagam.
Assim sendo, nada mais natural do que a população saber com detalhes como está sendo gasto o seu dinheiro. Como consequência da Lei Complementar 131 ─ de autoria do senador João Capiberibe ─, a partir de 27 de maio próximo todos os 5.568 municípios brasileiros deverão ter as suas contas disponibilizadas na internet. Até então, somente as prefeituras com mais de 50 mil habitantes estavam obrigadas a fazê-lo. No Rio de Janeiro, por exemplo, prefeitos de 55 cidades deverão inaugurar ou aprimorar os portais existentes, se é que ainda não o fizeram. Dentre essas localidades estão Arraial do Cabo, Búzios, Miguel Pereira, Parati, Vassouras, entre outras frequentadas pelos cariocas nos fins de semana.
É provável que alguns prefeitos coloquem empecilhos para o cumprimento da “novidade”, que já estava programada há quatro anos, quando da publicação da lei. Neste caso, os estados e as prefeituras de maior porte poderão colaborar com os pequenos municípios para que os portais tenham qualidade e o menor custo possível.
Na verdade, os políticos gostam de muita transparência, mas nos governos dos adversários. No entanto, se os recém-eleitos ou reeleitos quiserem mesmo ser transparentes, deverão colocar nos sites de suas cidades as agendas diárias, os plantões dos médicos nos hospitais, o que a prefeitura comprou, por quanto, de quem, em que quantidade, o nome dos funcionários públicos com os respectivos cargos e salários, entre muitas outras informações relevantes para o controle social.
Para a lei ser cumprida, não bastará o site municipal conter o currículo e a foto do prefeito, o telefone do Corpo de Bombeiros e outras informações do gênero. O detalhamento será fundamental para que sejam multiplicados os “auditores”, o que irá aprimorar as administrações públicas. No dia a dia, vários problemas serão minimizados com a fiscalização dos próprios cidadãos.
A título de exemplo, na 36ª edição do Programa de Fiscalização a partir de Sorteios Públicos, realizado pela CGU, foram encontradas irregularidades no Programa Bolsa Família em todos os 24 municípios examinados, do cadastro desatualizado à frequência escolar. Entre os beneficiários havia proprietários de oficina, salão de beleza, sítio, moto e camionete F4000, além de centenas de funcionários públicos que não se enquadravam nos requisitos do programa.
Em Arraial do Cabo, por exemplo, existiam 397 beneficiários pertencentes a famílias em que pelo menos um membro tinha vínculo empregatício, até mesmo com empresas públicas e sociedades de economia mista. Dentre os espertalhões, 75 servidores vinculados à própria Prefeitura Municipal de Arraial do Cabo.
O fato não é inédito. Em outras 14 cidades foram identificados funcionários públicos com evidências de renda per capita superior à estabelecida na legislação do programa. Na cidade de Santana (PE), por exemplo, foram encontrados 99 bolsistas empregados na esfera municipal, 62 dos quais na própria prefeitura.
Com os novos portais, bastará haver a divulgação simultânea do nome dos servidores públicos e dos favorecidos pelo Bolsa Família para que qualquer cidadão possa cruzar as informações e denunciar essa “mamata” dos funcionários municipais. Sem dúvida, a transparência é a principal inimiga da corrupção.
As prestações de contas vêm de longo tempo. Na Grécia antiga a comunidade reunia-se na Ágora, a praça pública, para avaliar a contabilidade dos arcontes, embaixadores, generais, sacerdotes e de todos aqueles que geriam o dinheiro público. Nos dias de hoje, a cidadania vem pela via digital.
O essencial é que os homens públicos informem como estão gastando o dinheiro do povo, seja na internet ou na praça de Padre Bernardo.

Três notas

Três notas de Carlos Brickmann
PUBLICADO NA COLUNA DE CARLOS BRICKMANN
CARLOS BRICKMANN
Os mais iguais
O julgamento dos réus do Mensalão, no Supremo Tribunal Federal, foi integralmente transmitido pela televisão. O julgamento do casal Nardoni, alvo de intensa comoção popular, foi amplamente coberto por rádio, TV, jornais, revistas, Internet.
Já o caso de Rosemary Noronha, que foi chefe de Gabinete da Presidência da República em São Paulo, apanhada na Operação Porto Seguro da Polícia Federal e sobre quem há suspeitas de muitas irregularidades, está protegida da imprensa. Os repórteres fotográficos não podem registrar imagens no Fórum Criminal Federal de São Paulo sem prévia autorização. Rose fez o pedido alegando estar “com trauma” da exposição que sofreu desde que seu caso foi divulgado.
Este colunista entende a posição de Rosemary Póvoa de Noronha: também detestaria estar na posição dela, também estaria com trauma da exposição. Só que na hora do bem-bom Rose não imaginou as consequências; ou imaginou que, ocupando uma área estratégica, estaria livre desse tipo de constrangimento.
O fato é que nem gente poderosa, ligada ao Governo, como a Turma do Mensalão, foi tratada com tanta gentileza quanto Rose. Por que será ela mais igual que os outros?
Ô, gente chata! 
Está cada vez mais difícil ter paciência para acompanhar opiniões de consumidores de informação sobre o noticiário divulgado pelos veículos. Desde que a tropa do cheque tomou a vanguarda dos comentários, tudo ficou previsível e chato. O Delúbio Soares só não será canonizado porque o papa está sendo influenciado pela imprensa direitista e pelo pessoal da zelite, o Supremo (em que os ministros, menos um, foram escolhidos por presidentes da República hoje unidos em torno do Governo petista) virou “tribunal de exceção” porque se atreveu a condenar mensaleiros, uzianque lutam bravamente, a golpes de manchetes, para sabotar o tratamento do cumpañero Hugo Chávez. Um jornalista chegou a escrever um “Eu acuso”, garantindo que os ministros do Supremo não levaram em conta as provas do processo ─ como se ele tivesse lido as 50 mil páginas, como se, mesmo que as tivesse lido, chegasse a entendê-las. Parece que a base do besteirol foi o J’Accuse, de Emile Zola. Mas a falta de talento fez com que nem o plágio tivesse condições de funcionar.
Não, não é exclusividade de petistas e assemelhados. Após o episódio Rosemary, passaram a circular na Internet dezenas de informações sem base sobre irregularidades financeiras que atribuem ao ex-presidente Lula. Até agora, nenhuma informação concreta ─ mas os jornalistas são bombardeados o dia inteiro com e-mails e telefonemas de gente indignada porque não publicam “a verdade”. E por que é “a verdade”? Porque acreditam nela, uai! É como a tal reportagem atribuída à Forbes segundo a qual Lula teria uma das maiores fortunas do mundo ─ uma reportagem que, a propósito, a Forbes jamais publicou. Até as capas que saíram na Internet eram falsas.
Mas um bom exemplo dos atuais dodóis é uma pesquisa do Ibope que mostra que o número de eleitores que não segue partido algum é hoje a maioria no país, com 56%. Há alguns números interessantes na pesquisa: por exemplo, este número de eleitores sem fidelidade a partidos sempre oscilou perto dos 40%, e passou a subir por volta de 2010. Outro número mostra a queda de eleitores fiéis ao PMDB, que chegou a 25% durante a Constituinte (que durou até 1988) e, de lá para cá, veio caindo até chegar a algo como 5%. O PSDB, ao vencer no primeiro turno, com Fernando Henrique, as eleições presidenciais de 1994, tinha 10%. Hoje está na faixa dos 5%. E o PT, que continua sendo o maior partido do país, chegou a 33% em 2002, com a eleição de Lula, manteve este número até 2010, e hoje caiu para 24%.
E daí? Daí que a Turma do Dodói reclama que a matéria tinha de ter como abertura a posição predominante do PT, como maior partido do país, e como o lead não foi este os jornais não são sérios. A posição predominante do PT poderia ser o lead; a queda de todos os partidos, inclusive do PT, poderia ser o lead; o PMDB imenso no Congresso e nas Prefeituras, mas mínimo no eleitorado, poderia ser o lead. A pouca substância do PSDB no eleitorado poderia ser o lead. E a ascensão do apartidarismo entre os eleitores é também um excelente lead.
O duro é aguentar os chatos. E entender como é que gente se dispõe a perder tempo procurando erros de digitação para interpretá-los como malignas tentativas de prejudicar seus chatos partidos.
O historiador best-seller
Muitos o conhecem como Peninha ─ uma alusão ao personagem de Walt Disney. Muito mais gente o conhece como Eduardo Bueno, o historiador que cansou de vender livros ─ e vendê-los ao público, não a Governos ─ sobre a História do Brasil. Pois está saindo um novo-velho livro de Eduardo Bueno: uma versão compacta de Brasil, uma História, um apanhado deste país de 1500 até agora. Não é um tratado erudito para especialistas: é um livro para leitores não especializados, que querem conhecer a História brasileira sem mergulhar em documentos nem na linguagem dos séculos anteriores. Já nas livrarias.

Insensato mundo

Insensato mundo, por Dora Kramer


A frase, no original de Millôr Fernandes, é a seguinte: "Vossa Excelência chegou ao limite da ignorância e, no entanto, prosseguiu". O Congresso certamente não ignora o cenário em que ocorre a eleição das presidências de suas duas Casas. Até porque não há um dia em que não exista uma nova notícia desabonadora sobre aqueles que já são tidos como escolhidos para comandar a Câmara e o Senado. ...
 
Além das suspeitas de todo tipo (processos, inquéritos, fisiologismo, nepotismo, uso indevido de verba parlamentar, manipulação de emendas etc.) há os fatos.
 
O deputado Henrique Eduardo Alves - concluíram os aliados de então, PSDB e PMDB - não servia para ocupar a vaga de vice-presidente na chapa de José Serra, em 2002, porque em processo de divórcio litigioso sua ex-mulher revelou a existência de depósitos de R$ 15 milhões em contas no exterior sem a devida declaração.
 
O senador Renan Calheiros foi levado a concluir, em 2007, que não servia para presidir o Senado por causa da história das despesas pessoais pagas por lobista de empreiteira, apresentação de documentação falsa como prova de defesa, uso de laranjas em emissoras de rádio e por aí vai.
 
Portanto, deputados e senadores não ignoram que, ao menos em tese e por critérios razoáveis de avaliação, nenhum dos dois serviria para ocupar postos de tanto destaque que, entre outras atribuições, os colocam na linha de sucessão da Presidência da República.
 
Tomando por base a frase de Millôr, dela fiquemos com o conceito da insistência, mas afastemos a hipótese de a motivação se sustentar na ignorância. Imprudência, talvez?
 
Uma boa dose, sem dúvida. Mas a receita leva outros ingredientes: covardia, descaso, desrespeito, petulância, malícia, zombaria, cinismo, desprovimento completo de espírito público e tudo o mais que compõe o quadro de tranquilidade com que suas excelências chegam ao limite da desmoralização e, no entanto, prosseguem.

A cobiça cega e, o Estado surdo

A cobiça cega e, o Estado surdo
José Nêumanne
O Estado de S. Paulo 
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), resultou da associação perversa e criminosa da cobiça cega de um capitalismo de vale-tudo, sem código de conduta nem esteio moral, com um Estado estroina, corrupto, incompetente e incapaz de garantir ordem, paz, segurança pública, a vida e a integridade física de seus cidadãos.
Não se trata de um fenômeno exclusivo do subdesenvolvimento endêmico do qual países emergentes como o nosso parecem nunca sair, principalmente no que concerne ao espírito e às mentalidades.
O mundo inteiro foi assaltado pela brutalidade da busca incessante da fortuna fácil e do desprezo ao trabalho e à conduta moral que deveria reger a vida em sociedade neste século 21, depois da visita à Lua e do telefone portátil, que conecta seu usuário com as notícias do dia, as cotações do mercado de capitais e as manifestações mais escabrosas da miséria humana.
Incêndios em boates são comuns e ocorrem em ambientes fechados e abarrotados de material inflamável, produzindo assim vítimas de morte às centenas e crônicas de grosseria e insensibilidade, antes, e de comoção e solidariedade, depois.
No Brasil, a peculiaridade apresenta-se em algo que os comentaristas de arbitragem de futebol e os membros da Academia de Cinema de Hollywood chamariam de "o conjunto da obra".
O incêndio da boate gaúcha ocorreu numa cidade que homenageia o espírito que se identifica com o afeto materno, a mãe do Salvador, que reúne em sua aura toda a luz da generosidade, do altruísmo, da capacidade de renúncia e da piedade que um mortal é capaz de sentir e expressar.
O momento também é peculiar nosso: a maior seca dos últimos 30 anos no semiárido nordestino torna a escassez ainda mais cruel, as famílias desabrigadas pelas enxurradas na Serra e na Baixada Fluminenses ainda não têm um teto para abrigá-las e o sangue de policiais e inimigos da lei continua empoçado no asfalto precário das vielas da periferia da maior cidade da América do Sul.
Às vésperas do carnaval, intempéries naturais, brutalidades pessoais e deficiências institucionais reduzem a expectativa de vida de seres humanos e animais numa tragédia que se repete e se amplia indefinidamente.
Nunca se saberá quantas das mais de 230 vidas ceifadas pelo fogo na boate Kiss seriam poupadas se seus proprietários houvessem obedecido às normas de segurança de edificações às quais acorrem multidões para ouvir, cantar, dançar e se divertir.
Quem permitiu que aquele bando de jovens em busca da felicidade efêmera de uma balada arriscasse a vida em meio a fiações e equipamentos eletrônicos capazes de gerar faíscas que se transformariam em labaredas no material inflamável é um assassino serial em potencial e como tal deveria ser tratado depois de contados os cadáveres carbonizados e os prejuízos materiais.
Quantos dos jovens imolados deixariam de ser incinerados se não tivessem sido barrados por agentes de segurança empenhados apenas em garantir o pagamento das comandas de consumo, em vez de permitirem a fuga de uma multidão empurrada para fora do lugar pelas chamas?
 Neste crime se acumpliciam donos e empregados, brutos adoradores do bezerro de ouro, que levam mais em conta a dívida do que a perda da vida. Nesta Pátria da impunidade, madrasta malvada, quem acredita que alguém será punido? Quem já o foi? Os rústicos proprietários dos barcos apinhados de passageiros que naufragam no caudal da Bacia Amazônica ou nos fios de água do Velho Chico? Quem pagou pela plateia queimada no circo de Niterói, a maior tragédia de nossa história? Quem respondeu pelo afundamento do Bateau Mouche na Baía da Guanabara ou pelos prédios que desabam em reformas mal feitas no centro do Rio?
Uma Justiça leniente acaba o serviço macabro que começa na cobiça, sua colega em matéria de cegueira crônica. No meio do caminho entre o fogo dos sinalizadores e a falta de uso do martelo do juiz figura a incapacidade do Estado brasileiro - municípios, Estados e União - de produzir leis adequadas para proteger o cidadão que trabalha, mora ou se diverte e, sobretudo, de fazer com que as existentes, muito numerosas e pouco eficazes, sejam cumpridas.
Os decibéis dos equipamentos eletrônicos da balada da Kiss não perturbaram o sono dos fiscais de Santa Maria, cujo gestor municipal fez vista grossa à desobediência das próprias posturas pelo estabelecimento comercial do qual nunca se omitiu de cobrar impostos. Municípios e o Estado do Rio não gastam um centavo do que recebem da União para prevenir enchentes em seu território, mas voltam a prometer a cada verão trágico novas providências, que nunca serão tomadas nem deles cobradas nas eleições.
A presidente Dilma Rousseff foi a Santa Maria e chorou com pena das famílias que o Estado abandona ao desamparo. Assim como o imperador dom Pedro II jurou que venderia o último diamante da Coroa para não deixar um cearense morrer de fome. Fê-lo mais de cem anos antes de os sertanejos continuarem perdendo tudo, até a própria vida, por causa da sede implacável. As imagens das ruínas da obra inacabada da transposição do Rio São Francisco sem que uma gota de água fosse levada à caatinga mais próxima são a denúncia mais deslavada da hipocrisia generalizada de gestores públicos que, desde o Império até hoje, garimpam votos valiosos na miséria que os donos do poder semeiam em suas posses e colhem na máquina pública que, eleitos pelos súditos, passam a pilotar.
Os maganões da República mantêm-se no poder enganando os sobreviventes da seca do semiárido, das enxurradas da Serra Fluminense e deste incêndio em pagos gaúchos.
O Estado brasileiro - as elites dirigentes que se apropriam do dinheiro público no poder em municípios, Estados e na União - é cúmplice da cobiça assassina dos empresários sem lei. Só nos resta rezar por suas vítimas e amaldiçoar os algozes da cobiça cega e do Estado surdo. Já que terminarão impunes, que lhes seja reservado o fogo eterno do inferno

O nome da culpa

O nome da culpa
 Zuenir Ventura 
O Globo -
No Brasil, as tragédias anunciadas ou previsíveis ocasionadas por descaso e imprevidência recebem todas o mesmo nome: fatalidade. Assim são classificados as chuvas e os desabamentos que matam centenas de pessoas a cada verão, assim também foi qualificado o incêndio da boate de Santa Maria por seus donos. Em nota, eles afirmam "a bem da verdade" que a empresa estava em "situação regular", com o "sistema de proteção e combate contra incêndio aprovado pelo Corpo de Bombeiros". Se estava tudo bem, nada fora de ordem, se as normas de segurança eram rigorosamente cumpridas, é fácil atribuir a responsabilidade à "fatalidade".
Portanto, a conclusão cínica é que ao destino deve ser debitado tudo o que contribuiu para a morte de 230 pessoas e ferimentos em mais de 100: superlotação, plano de prevenção vencido, inexistência de saída de emergência, artefatos pirotécnicos com fogos de artifício, uso de revestimento acústico altamente inflamável, falta de fiscalização. Em suma, como disse o delegado logo após as primeiras investigações, "a boate Kiss não podia estar funcionando".
A bem da verdade mesmo, o nome para a culpa por esse e outros episódios trágicos não é fatalidade, mas impunidade, uma espécie de mãe de todos os vícios nacionais, não apenas da corrupção. Aqui se faz e aqui em geral não se paga. Pode-se alegar que incêndios em boates acontecem em toda parte - no Japão, na China, na Europa, na Argentina. De fato. Mas a diferença é que em Buenos Aires, por exemplo, tragédia semelhante ocorrida em 2004, com 194 mortos, levou o dono à prisão por anos e provocou mudanças drásticas no sistema de segurança das casas noturnas. Aqui, há 52 anos houve o incêndio do circo de Niterói, o maior da história. A comoção geral, a repercussão internacional, a mobilização das autoridades (o então presidente Jango visitou as vítimas, o Papa enviou mensagem de solidariedade, houve jogo com Pelé e Garrincha), a indignação e o clamor popular foram parecidos com a reação de agora. Acreditava-se que a morte de mais de 500 pessoas iria pelo menos servir de lição, pois as autoridades prometeram logo "rigorosa apuração da culpa" e medidas enérgicas de segurança.
Mais ou menos como naquela época, as inúmeras promessas de providências estão disputando espaço no noticiário com o relato da dor dos que ficaram. Governadores e prefeitos anunciam varreduras e em algumas cidades estabelecimentos já foram interditados por falta de segurança. Por que só agora? De qualquer maneira, vamos esquecer que as providências já deveriam ter sido tomadas muito antes, pois mais do que legislação o que falta é aplicação da lei e fiscalização, e vamos torcer para que dessa vez a tragédia sirva realmente de lição.

A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA

(Gen Ex José Carlos Leite Filho – linsleite@supercabo.com.br – 28/01/13)
     O noticiário a respeito do nefasto acontecimento na cidade de Santa Maria (RS), onde um incêndio tirou a vida de cerca de 230 pessoas e deixou, aproximadamente, mais uma centena hospitalizada consternou a população brasileira. Desde já manifesto a minha solidariedade na dor das famílias enlutadas, em especial as dos oito militares da guarnição do Exército lá sediada também vitimados.

A repercussão e o lamento têm sido grandes, no Brasil e no exterior, assim como a busca de vulnerabilidades do local a fim de identificar causas e tentar remediá-las visando à repetição da tragédia.  Muitas vezes, parodiando, se ouve dizer que de nada vale para eventuais vítimas e seus familiares a porta fechada depois de arrombada, pois o essencial e indispensável é a eficácia permanente de medidas de segurança adequadas.
     Isso me faz lembrar que mais triste é a dor de uma nação derrotada por um inimigo que ouse desafiar a soberania nacional. De nada servirão lamentos posteriores, entrevistas, emoções incontidas,  promessas e a identificação de culpados, pois a dor e a vergonha não cessarão. Nessa hipótese, a Lei Maior brasileira dispõe competir às Forças Armadas a defesa da pátria, sendo oportuno lembrar o antigo aforismo que diz: “pode se passar um século sem haver guerra, mas não se pode passar um dia sem se estar preparado para ela”. Da mesma maneira que não se vislumbrou a hecatombe da boate gaúcha Kiss, também a hipótese de guerra costuma ser negligenciada, embora, no mundo atual, os conflitos de interesses entre nações não sejam coisa rara e os seus governantes não se mostrem exemplos de sensatez e de equilíbrio. Se a falta de uma saída de emergência na casa noturna fez chorar o Brasil, é de se imaginar o que aconteceria se a hipótese improvável, mas não impossível, ora cogitada se tornasse realidade e a improvisação se impusesse.
     Forças Armadas, em qualquer país, são onerosas mas indispensáveis! O Brasil, como potência emergente, tem a obrigação de estar preparado para defender a sua soberania e a sua integridade territorial e para tanto necessita de um poder militar à altura de sua importância estratégica. Claudicar nessa questão relevante é indesculpável!
     Que não cessem de soar as trombetas para despertar ou para encontrar governantes estadistas a fim de que os brasileiros jamais venham a chorar pela incúria dos que regem o destino do país!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Ministério da Saúde orienta como fazer aborto usando Cytotec

Escrito por Movimento Nacional da Cidadania pela Vida (Brasil Sem Aborto).
Nota do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida (Brasil Sem Aborto).

No apagar das luzes de 2012, o Ministério da Saúde mandou imprimir uma cartilha com o título “Protocolo Misoprostol”, com as instruções para o uso desse medicamento abortivo, mais conhecido pela marca Cytotec, cuja comercialização é proibida no Brasil. O responsável pela publicação é o Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde e o texto também se encontra disponível na Biblioteca Virtual do Ministério.
Contrariamente ao que é habitual em publicações governamentais, não há, em toda a cartilha, nome de qualquer autor ou responsável.
O folheto aparenta destinar-se a público especializado, para a realização do dito “aborto legal” e outros usos. Em sua página 2, explicita: “apresentamos a seguir o Protocolo para Utilização de Misoprostol em Obstetrícia, em linguagem técnica, dirigido a profissionais de saúde em serviços especializados”. Entretanto, alguns aspectos chamam a atenção.
- A 1ª edição tem uma tiragem de 268.108 exemplares, sendo que dados recentes publicados no site da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) indicamque há no Brasil 22.815 médicos em atividade nessa área. A publicação ultrapassa, portanto, em mais de dez vezes, o número de profissionais aos quais teoricamente se destinaria.
- Contrariamente ao que é habitual em protocolos para atuação médica, o uso de Misoprostol não é comparado a outros medicamentos ou técnicas que seriam possíveis na mesma situação. Por exemplo, indica-se a dose e modo de uso para “indução do parto com feto vivo”, uma utilização não aceita pela FDA (Food and Drug Administration) americana, e para a qual existem alternativas. Os próprios fabricantes do Misoprostol alertaram para o risco de ruptura uterina quando ele é usado como indutor do parto.
- Ao contrário do que se diz na apresentação, a linguagem do folheto, especialmente em sua segunda parte, quando trata do uso, é sintética e direta, facilmente compreensível por público leigo. Praticamente se restringe às doses a serem utilizadas para o“esvaziamento uterino” no primeiro, segundo e terceiro trimestres da gestação.
Assim, mais do que ao médico que precisa tomar decisões de tratamento, o folheto parece dirigir-se a pessoas que já conseguiram ou pretendem conseguir clandestinamente a droga e tem dúvidas sobre como utilizá-la para realizar o aborto. Já em junho de 2012 a mídia brasileira noticiou que o Ministério da Saúde estaria preparando uma cartilha para a mulher que decidisse abortar.
Quando o assunto veio a público, o Ministério da Saúde apressou-se a desmentir que estivesse trabalhando nessa política de “redução de danos”. Entretanto, a publicação desse folheto aponta novamente na mesma direção.
A Dra. Lenise Garcia foi pessoalmente protagonista de um curioso fato envolvendo essa negativa do Ministério. Ela foi entrevistada pela TV Brasil, conjuntamente com o Dr. Thomas Gollop, no dia 12/06/2012, em vídeo que pode ser visto aqui
No início da entrevista, o Dr. Gollop nega qualquer envolvimento do Ministério da Saúde nessa política de“redução de danos”, pois a cartilha estaria sendo elaborada pelo “grupo de estudos sobre o aborto” da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Entretanto, publicações desse grupo de estudos indicam a sua fonte de financiamentos: “O GEA não é uma organização não-governamental e não tem verbas próprias. Conta com o apoio do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e seu foco é capilarizar a discussão do tema do aborto sob o prisma da Saúde Pública e retirá-lo da esfera do crime.
Além disso, a reunião estava marcada para acontecer no prédio do Ministério da Saúde, tanto que, ao ser convidada para a entrevista, a Dra. Lenise foi informada de que esta ocorreria, às 8h00, em frente ao Ministério. Na noite anterior, recebeu um telefonema urgente da TV Brasil mudando o local da entrevista para o hotel em que estava hospedado o Dr. Gollop.
Em tempos de transparência, e diante do compromisso assumido na época eleitoral pela nossa presidente Dilma Rousseff de que o Executivo não trabalharia para a implantação do aborto no Brasil, os fatos mostram forte contradição entre as aparências e a realidade.


Brasília, 28 de Janeiro de 2013.
Lenise Garcia
Presidente
Jaime Ferreira Lopes
Vice-Presidente

Para ler e refletir

Recebi o texto abaixo de um amigo leitor do blog. É, de fato, para ler e refletir. Claro que não poderia deixar de compartilhar com os leitores.
Uma dura mensagem aos generais
Por Wes Pruden – The Washington Times
12 de setembro de 2012
Por que Barack Obama é olhado com tanta desconfiança nas fileiras militares? Trata,se de intuição. Há algo nele que não se encaixa.  As abelhas detectam qualquer intruso na colméia pelo faro. Soldados, marujos, fuzileiros e pilotos têm o mesmo instinto.
Muitos militares sentem que seus superiores os traem e abandonam, a começar pelo Comandante Supremo.
Os antigos costumes e tradições, que preservaram as FFAA na guerra e na paz, têm sido emporcalhados e ridicularizados. Em seu lugar, gente estranha às fileiras, com apoio de cima, tenta atochar nas Forças Armadas regulamentos e atitudes “politicamente corretas”, cuja finalidade é anular a hombridade militar.
Qualquer oficial que reclame contra essa campanha de
desmoralização pode dar sua carreira por encerrada.
Vendo seus superiores assim manietados, a tropa se sente desorientada e sem comando.
O Centro de Liderança Militar do Exército em Fort Leavenworth, Kansas, enviou questionários a 16.800 oficiais de carreira e QAO, para conhecer sua opinião sobre se “o Exército está na direção certa na preparação para os desafios dos próximos 10 anos.” As respostas deveriam assustar qualquer comandante com mínimo de consciência profissional. Deveriam preocupar seus superiores em Washington.
Mas não terão nenhum efeito, porque esses comandantes e superiores são exatamente os responsáveis pelo que as fileiras apontam como errado.
Apenas 26% dos entrevistados – ¼ do total – acha que o Exército está no rumo correto para assegurar a defesa da Nação. Outros 40% acham que está perdido. E os restantes 36% dizem que não sabem responder. É claro que sabem. Afinal, são oficiais do
Exército. Mas aprenderam a lição: se quiserem seguir carreira, é melhor não ter opinião sobre nada.
Os 40% que acham que o Exército está no mau caminho  citam duas razões para a sua apreensão. A primeira é o esvaziamento da profissão militar por um Presidente alienado, um saído-do-nada, como é Obama. A segunda é o efeito desmoralizante da “correção política”.
Os descontentes não entendem como seus comandantes podem ser tão subservientes aos absurdos inventados pela Casa Branca. Não lhes passa pela cabeça que esses comandantes estão onde estão exatamente porque são invertebrados capazes de tudo para permanecer nos cargos.
Tanto o Presidente Obama como o Secretário da Defesa Leon Panetta continuam a empurrar sua agenda de reformas, sem que ninguém saiba aonde e até que  ponto pretendem chegar. Obama assinou um decreto que torna obrigatória a celebração, nas unidades militares, do “Mês do Orgulho
Veado, Sapatão e Traveco”. E o senhor Panetta orgulhosamente baixa uma Ordem do Dia: “Não apenas no Mês do Orgulho Veado, mas todos os meses, devemos celebrar nossa rica diversidade e renovar nosso compromisso de garantir igualdade para todos.”
O argumento para forçar o Orgulho Guêi aos militares é simples. Como podem os que se opõem saber se é ou não prejudicial ao moral militar, sem colocá-lo em prática? O problema é que nem Panetta, nem Obama, esclarecem de que modo obrigar a tropa a tolerar veados pode aumentar sua capacidade de enfrentar o inimigo em combate.
Além disso, se homossexuais merecem um mês de comemorações em nome da diversidade, então seria necessário, para garantir a igualdade, um mês para os negros, outro mês para os índios, outro para os mexicanos, mais um para as mulheres e, caso ainda sobre algum mês no calendário, que tal lembrar também dos descendentes de europeus, que fundaram os Estados Unidos, constituíram suas Forças Armadas, contribuíram com seu sangue, forneceram mais de 95% dos heróis registrados na História, e representam mais de 2/3 da população do País?
O problema não é apenas de homossexualidade. É de compostura. Demonstrações públicas de carinho de qualquer natureza sempre foram desencorajadas na tradição militar. As Forças Armadas sempre tiveram rígidas normas de conduta. Houve época em que até adultério era punido mediante corte marcial, quando mexia com hierarquia e disciplina. Carícias e beijos, por doces que sejam, não combinam com campos de tiro, locais de serviço ou comportamento público de homens fardados. Disciplina, dignidade e auto-controle sempre foram reconhecidos como fatores essenciais da boa ordem militar.
Agora, porém, soldados são encorajados a participar, uniformizados, de paradas de “orgulho guêi”, exibindo bandeirolas, fitas ou até mesmo grandes pênis de papelão, tão populares nas rodas homossexuais de São Francisco. Será que os generais Patton, Sheridan ou Pershing reconheceriam o seu Exército?
Barack Obama, que vive a dizer que sua “visão de estadista” se desenvolve cada vez mais, provavelmente não liga a mínima para os militares, exceto nas ocasiões em que posar como herói lhe rende alguma publicidade, como aconteceu recentemente, quando recebeu o grupo de fuzileiros que liquidou bin Laden no Afeganistão. Nos Estados Unidos, aliás, essa é a tendência geral da política. Tipos como Dick Cheney e Bill Clinton, por exemplo, adoravam provocar guerras e intervenções militares. Mas estava na cara que para eles, como indivíduos, aquilo era brinquedo fascinante, nada mais. Clinton, por exemplo, apesar de instruido por assessores, nunca aprendeu como comportar-se em cerimônias militares, nas quais sempre parecia peixe fora d'água. Isso não o impedia, porém, de aproveitar cada oportunidade
para convidar heróis condecorados e posar para fotos ao seu lado, procurando parecer enturmado e à vontade.
Os militares de hoje continuam, como seus antecessores, prontos a lutar e a morrer em defesa dos Estados Unidos da América. Mas precisam de líderes patrióticos e dedicados. Não adianta desenvolver armas de enésima geração. Elas não substituem lideranças capazes e respeitadas. Quando os chefes de Estado se empenham em destruir o moral das FFAA, submetendo-as a experimentos sociológicos aberrantes, contrários a tudo o que a História tem ensinado, de fato estão minando as defesas da Nação.
O aviso dado pelos militares na pesquisa do Exército será, sem dúvida, inútil para Obama.
Mas é bom que prestem atenção.

Os sinos de Santa Maria

Feira Livre

‘Os sinos de Santa Maria’, por Carlos Brickmann

Um grande poeta britânico, John Donne, escreveu no século 16 que nenhum homem é uma ilha. “A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano”. As mortes de Santa Maria nos diminuem; e nos obrigam a agir para evitar novas tragédias, que nos diminuiriam ainda mais.
Punir os responsáveis, claro. Mas sem esquecer que tirar um alvará é um procedimento que pode levar anos, e que empresário nenhum tem condições econômicas de aguardar. E por que leva anos? Porque há maneiras de contornar as dificuldades e comprar facilidades. Alvará de botequim, por exemplo, sai mais rápido que o de restaurantes; por isso muitos restaurantes funcionam com alvarás de botequim. Há materiais acústicos que retardam as chamas; mas são mais caros. Bote-se um material parecidíssimo, porém muito mais inflamável, e parte da diferença de preço ajudará alguém a ajudá-lo. Superlotação? Nada que um agrado às pessoas certas não consiga transformar em coisa das mais normais.
Há um esquema (que não depende de partidos) para redistribuir a renda obtida com o desprezo à segurança. Pode ser desmontado? Pode: imagine equipes (cujos integrantes se alternem, para evitar cumplicidades) que visitem um estabelecimento a inaugurar e decidam de uma vez se está tudo em ordem. Por que não?
Porque, se houver problema, quem morre não é o dono, nem o fiscal, nem as autoridades. Somos nós, nossos irmãos, nossos filhos. Citando John Donne mais uma vez, não pergunte por quem os sinos dobram.
Eles dobram por nós.
 Mata, esfola
A opinião pública quer cabeças ─ seria difícil esperar algo diferente. O delegado de Santa Maria prendeu alguns dos possíveis responsáveis pelo incêndio. Mas por que algemar o sócio da boate? Qual a necessidade das algemas? O risco foi alto: se houvesse tentativa de linchamento, as algemas impediriam o preso de se proteger. Aliás, diz um advogado, a prisão para interrogatório foi inadequada. Veja em www.conjur.com.br/2013-jan-28/justica-gaucha-bloqueia-bens-socios-boate-santa-maria.
Não briguem com este colunista: a opinião é do advogado.
 Palavras, palavras…
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou a operação Prevenção Máxima, com 300 equipes fiscalizando boates. Ótimo: poderia começar com uma das mais requintadas casas paulistanas, a Número, que tem uma porta só, com acesso por uma passarela estreita, e já teve um bar no subsolo. Em frente, um estacionamento tem uma só porta, para entrada e saída, contra a lei. Ambos foram denunciados “n” vezes, sem resultado. Ambos ficam em área elegante.
E o Rio? Também inseguro. O ex-deputado federal Milton Steinbruch lembra que as casas da Lapa são antigas, com janelas pequenas e só uma porta ─ lá estão as boates. Numa delas, aliás, é hábito soltar buscapés nos shows. Casas velhas, com madeira seca, espuma isolante, buscapés.
Depois, a culpa é do destino.
 …e mais palavras
Frase do deputado federal (e ex-governador do Rio) Anthony Garotinho, sobre a posição de seu partido, o PR: “Não vamos fazer oposição, nem ser situação”.
Aliás, o PR não será oposição, nem situação, nem muito pelo contrário.

 

 

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